quarta-feira, junho 27, 2007

Eu, você e o mundo

“Temos que pegar o mundo pelos chifres e resolver nossos próprios problemas”, declarou Bob Dylan em entrevista à última edição da revista Rolling Stone (recente salvação do mercado editorial brasileiro para quem gosta de música-política-cultura).

E é isso mesmo! Não podemos mais esperar que Sibás, Cafeteiras, Rorizes e Renans, ou seja lá quem for, resolvam os nossos problemas. Corrupção? Aquecimento global? O mundo em guerra? Façamos algo a respeito. Está mais do que na hora de botarmos a mão na massa, de tomarmos as rédeas de nosso próprio destino, de atuarmos ativamente em nossa realidade para melhorá-la.

E o que seria botar a mão na massa, meu caro Watson? Como poderíamos influenciar em nosso mundo, já que nos sentimos tão zonzos e pequenos, tão impotentes e sozinhos? Se percebemos que nosso povo mal pode se preocupar com tais questões, pois toda sua energia está voltada para a busca pela sobrevivência, para o pão de cada dia ganhado às custas da morte diária de um leão. O que fazer para mudar?

Bem, não terei a arrogância de querer responder sozinho a essa pergunta que é coletiva, pois do contrário não teria sentido. Peço a cada um de vocês, meus poucos porém fiéis leitores, que me ajudem a pensar, que respondam comigo.

De minha parte, deixo aqui uma sugestão: o singelo fato de estarmos sedentos pelo aprendizado, sua própria busca já nos aponta caminhos. Precisamos porém associar teoria à prática, dar vida aos nossos pensamentos. Estamos aqui a ler e debater, trocando informações e muitas vezes discordando, mas sobretudo aprendendo (eu que o diga). Penso, meus caros amigos, que é isso o início do que fará a diferença: nosso aprendizado e a nossa união. Agora, me digam o que pensam vocês.

Thiago Mattos.

Marcadores: ,

segunda-feira, junho 25, 2007

A covardia só muda de sotaque

A notícia de que cinco jovens moradores de condomínios de luxo na Barra da Tijuca espancaram covardemente uma empregada doméstica e roubaram sua bolsa na madrugada de sábado revela um triste lado de nosso país, evidenciado especialmente nas grandes cidades.

Esse comportamento sádico dos agressores estudantes de turismo, administração, gastronomia, informática e direito, que justificam tamanha barbaridade dizendo que confundiram a vítima com uma prostituta – pasmem! – apenas reflete a maneira como nossas elites em geral tratam nossos pobres: com a mais pura e sincera humilhação, com vontade de matar.

Os cinco fortes jovenzinhos da Barra da Tijuca, que demonstraram o estrago que fazem juntos em uma só mulher, em nada diferem dos que atearam fogo a um índio pataxó há 10 anos atrás em Brasília. Ou dos falsos punks que mataram um garçom a facadas também nesse último final de semana em São Paulo. Todos são privilegiados financeiramente em relação à realidade da maioria das famílias brasileiras e nenhum deles têm qualquer noção de ética, bondade ou respeito. A corvadia só muda de sotaque.

Estão sendo formados pelos seus pais para serem esse tipo de gente mesmo, sem qualquer compromisso ou consciência social. Daqui a alguns anos, muitos se tornarão diretores de importantes empresas, respeitáveis advogados, executivos que estarão à frente de funções que lhe garantam suficiente poder para dar continuidade ao mesmo projeto de vida que mantém nosso país como é: desigual e injusto, seletivamente cruel e bárbaro, de modo que a política de extermínio aos pobres continue vagarosa e imperceptivelmente.

Assim os poderosos conservam seu poder e assim tem sido há 500 anos. Não sabemos quanto tempo os jovens-de-comportamento-desviante ficarão presos, nem tampouco se ficarão. A impunidade é um privilégio para poucos nesse país. E é claro que tudo seria bem diferente se fossem “favelados” agredindo uma empresária. De qualquer forma, tentemos vislumbrar uma esperança nisso tudo.

Temos a sorte de podermos contar cada vez mais com gente disposta a fazer justiça como o taxista que anotou a placa do carro dos jovens agressores, ato heróico de um anônimo. Talvez nem tudo esteja perdido, ainda que o futuro da nação esteja nas mãos dessa juventude doentia e ignorante – reflexo piorado de todas as gerações anteriores.

Thiago Mattos.

Marcadores: , , ,

segunda-feira, junho 11, 2007

Isso é o que dá tomar vodka com o Putin...


As imagens fortes falam por si só. De qualquer forma, ofereço aqui uma singela legenda do que se passa durante o vídeo - pause na Rádio Sangue Bom para reproduzi-lo:

(Após a locutora anunciar sua chegada, Sarkozy - visivelmente bêbado - inicia seu discurso): Senhoras e senhores... Desculpem meu atraso... (close de câmera)
Que se deu (pigarro) por causa do tempo da reunião que tive agora com o Sr. Putin... (Nessa hora ele mexe a cabeça e parece que vai cair)
O que vocês preferem? Que eu responda as perguntas? Então... Há perguntas?
(No que a locutora volta ao seu comentário).

Agora, imagine no que daria uma reunião dessas entre Putin e Lula... Imagina zó!

Thiago Mattos.

PS: Para quem quiser conferir uma versão do vídeo com legenda espanhol entre aqui.

Marcadores: ,

quinta-feira, junho 07, 2007

Renan Calheiros encalhará?

Após muita pressão e temendo desgaste político, o Conselho de Ética do Senado abriu ontem processo contra o presidente da instituição, Renan Calheiros (PMDB-AL), para investigar indícios de quebra de decoro parlamentar.

Nosso senador adúltero é suspeito de ter despesas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. Segundo os indícios, Gontijo entregava R$ 12 mil mensais a jornalista Mônica Veloso, com quem o presidente do Senado teve uma filha numa relação extra-conjugal. Os favores do lobista seriam retribuídos generosamente pelo nobre senador com a indicação de nomes para cargos públicos.

Apesar da abertura do processo, tudo parece andar conforme quer seu grupo político - até o relator indicado é um aliado (Epitácio Cafeteira, PTB-MA). No entanto, a partir do momento em que for citado no processo, Renan Calheiros não poderá mais renunciar ao mandato e corre o risco – ainda que mínimo – de ser cassado.

Ok, sabemos que Brasília inspira entre os colegas parlamentares uma solidariedade quase materna. Mas o fato é que mesmo após demonstrar em documentação - com uma naturalidade espantosa, diga-se de passagem - que seu patrimônio cresceu 73% em 4 anos (de 984 mil em 2002 para R$ 1,7 milhão em 2006), nosso senador milionário não se livrou das acusações, já que não há nada que comprove o recebimento do dinheiro pela jornalista.

Segundo as contas apresentadas – que incluem desde a verba indenizatória usada para ressarcir os parlamentares de gastos relativos ao exercício do mandato até “ganhos agropecuários” da sua fazenda – Renan Calheiros teria condições suficientes para realizar esse pagamento. No entanto, essa quantia poderia ter qualquer destino, visto que a falta de recibos impossibilita dizer que o dinheiro pago saíra de seu próprio bolso.

Até os colegas mais solidários temem o risco de que a situação saia do controle e o senador encalhe nesse mar de lama que é o da corrupção. Infelizmente, todos os esforços no Senado serão para que o processo termine o quanto antes com a absolvição do senador e que assim a denúncia se perca na memória popular. Estamos no país do tapinha nas costas.

Thiago Mattos.

Marcadores:

quarta-feira, junho 06, 2007

"Hang The DJ"

Enquanto rádios piratas são fechadas pelo Brasil afora e universidades tentam dar voz a quem não tem, inaugurei recentemente por aqui a Rádio Sangue Bom – acionada automaticamente a quem acessa o blog.

Todo mundo já sabe que se ligar numa FM durante uma semana inteira no mesmo horário, ouvirá sempre a mesma coisa. Nenhuma rádio é sangue bom com a gente,
querem nos convencer (e muitas vezes o conseguem por osmose) de que devemos consumir aquela música. As barreiras impostas pelas rádios convencionais bloqueiam a informação, restringindo e interferindo no gosto musical dos seres humanos.


A posição passiva dos ouvintes - camuflada pelo mito das "mais pedidas" - não poderia durar muito tempo. A maravilha da Internet tornou possível a interatividade e nosso papel ativo na construção de nossas realidades: podemos ter acesso a coisas novas (ainda que de um século atrás) e trocar informações até então inacessíveis.

Numa tentativa de divulgar o que escuto por aí, mas nunca nenhum de nós ouviria numa rádio comum, surge a Rádio Sangue Bom. Com atualizações mensais, tocarei todos os estilos que me fizerem a cabeça, aceitando sugestões e pedindo opiniões.

No programa do mês de Junho, ouviremos clássicos consagrados como Hendrix, novidades como a francesinha apaixonante Olivia Ruiz, e covers como a releitura de Dylan feita pelo nigeriano Keziah Jones.

Espero que gostem, votem na que mais lhe tocarem e participem na formulação da programação. Assim vou pegando também o gosto de quem lê o blog e juntos podemos fazer a nossa rádio. É ou não é, sangue bom?

Thiago Mattos.

Marcadores: , ,