quinta-feira, outubro 16, 2008

Manchetes brasileiras

Na primeira página do UOL: "Policiais civis entram em confronto com policiais militares em SP".

No Globo Online: (Após libertar refém) "Rapaz blefa com a polícia e volta a fazer duas reféns em Santo André".

Primeira página do Jornal da Tarde, de SP: "Justiça passa fax para local errado e PF solta líder do PCC".

A quem estamos entregues?

Chamem o ladrão!

Thiago Mattos.

PS: Imagem: http://rasuralivre.blogspot.com/

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terça-feira, outubro 14, 2008

"A Estória das Coisas"



Nem é preciso entender a atual crise financeira que quebrou bancos e fez da Bolsa uma "Polchete de Valores" - valeu, José Simão!


Assitir "The Story of Stuff" ("A Estória das Coisas") com Annie Leonard já é o bastante para entender como funciona nosso louco sistema que vai da Extração ao Lixo - dica de Thelêmaco Montenegro.

Depois de assistir o vídeo, fica difícil continuar consumindo tanta coisa sem pensar e olhar para aquele lindo I-Pod sem se perguntar de onde realmente ele veio.

Thiago Mattos.

PS: Para assistir a versão dublada, clique aqui.

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quarta-feira, outubro 08, 2008

Elogio do perdão

Se há um dia santo que eu goste é o Yom Kippur.

Apesar de passar praticamente despercebido no Brasil (país de orientação essencialmente católica), O Yom Kippur parece realmente ter um sentido nobre: é o dia do perdão. E atualmente, com o mundo doente como está, o perdão merece ser debatido e o dia vale ser lembrado.

Na verdade, não me faz muito sentido dia de São isso e Santo aquilo - se bem que fazia o de São Cosme e São Damião quando eu era pequeno e gostava de doces - mas os feriados religiosos perderam toda a sua essência com o passar das décadas. Ainda mais aqui no Brasil, um país com tantos feriados que a gente nem dá conta de saber qual é qual.

E olha que ainda estão querendo ter mais um dia santo em homenagem a Frei Galvão, o primeiro santo com site do mundo! A única pergunta que vem é: o que mais precisam inventar para venderem?

Pensem só: Natal virou a festa dos presentes que você tem que dar (ai de você se não comprar um agrado!): é a festa do comércio! A Semana Santa resume-se ao Domingo de Páscoa para enchermos a pança de chocolate, tem para todos os bolsos: é a festa do comércio!

Corpus Christi geralmente se emenda e é um dos feriados preferidos da galera da pegação que está mais para o "Corpus" do que para o "Christi" em seus carnavais fora de época. Conclusão: o pessoal do turismo fatura uma bába e quem faz a festa? É a festa do comércio! Dia de Nossa Senhora Aparecida é basicamente conhecida como Dia das Crianças, e o que é o que é? É a festa do comércio! E por aí vai...

É muito dia santo para um país laico só.

Mas aí chega o Yom Kippur sem pedir licença a ninguém, impõe ao fiel um jejum do nascer ao pôr do sol que dura dias, muita reflexão e oração e não se fala mais nisso. O dia do perdão pretende fazer com que se preste atenção à alma e não ao corpo. E, é lógico, não há judeu que aguente.

Sabe o que penso disso tudo? Que o Yom Kippur mostra que é muito difícil perdoar, não é para qualquer um. Tem que aguentar, renunciar, sofrer e tornar-se praticamente supra-humano.

A prática do Yom Kippur parece a melhor metáfora para o perdão. E numa era onde o perdão virou moeda de troca, ganhou valor de uso e instrumento de dominação, perdoar e ser perdoado pode deixar toda a nobreza do gesto de lado e tornar-se apenas um exercício de poder.

Perdoar é algo que definitivamente não pode ser festejado pelo comércio.

Thiago Mattos.

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segunda-feira, outubro 06, 2008

Pádua dá exemplo de insatisfação

Parece até que os eleitores da cidade de Santo Antônio de Pádua (RJ) leram a última postagem do blog, onde sugeri o voto nulo como um voto de protesto.

Mais de 50% dos eleitores da cidade do norte fluminense anularam o voto - fenômeno raríssimo! - e dos três candidatos a prefeito, dois deles não receberam um voto sequer - ao que tudo indica nem deles mesmos!

Parabéns aos eleitores de Pádua que deram uma lição bem dada nos políticos mostrando sua insatisfação de forma bem explícita nas urnas. Como seria bom se a moda pegasse, seria ou não seria?

Thiago Mattos.

Imagem: http://rasuralivre.blogspot.com/

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sábado, outubro 04, 2008

"O analfabeto político"

Eleições chegando. Momento propício para lembrarmos de Berthold Brecht. O dramaturgo e poeta alemão, infelizmente, continua atualíssimo com suas palavras contundentes e arrebatadoras sobre a vida político-social.

Seu teatro épico prestrou-se a integrar a arte e o povo. Sua visão de mundo era de uma sobriedade ímpar. Para nos inspirarmos neste momento eleitoral, um pouco de Brecht.

Com vocês, o pior analfabeto:

O Analfabeto Político
(Berthold Brecht)

O pior analfabeto
é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro
que se orgulha e estufa o peito
dizendo que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política,
nasce a prostituta,
o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista, pilantra, corrupto
e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.


Eleições vêm e vão, mas enquanto não mudarmos a nós mesmos como cidadãos, pouco na vida social pode mudar. Afinal, falar de política numa nação de corruptos é o mesmo que escrever num país de analfabetos.

Thiago Mattos.

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quinta-feira, outubro 02, 2008

O direito e o dever

Estava pensando em fazer o mesmo com os candidatos de São Paulo e exibi-los aqui, mas, afinal, quem se importa com qualquer um deles? Estão todos aí nas infinitas páginas da Internet com toda a informação necessária, e o blog fica muito poluído com essas caras nada simpáticas por aqui.

Se estamos numa democracia, deveríamos ao menos ter o direito de escolher não votar e esse será meu voto esse ano. Um voto pelo não.

Quem pode se sentir representado numa Eleição assim, onde um direito torna-se um dever, uma Eleição com 27 partidos e sabe-se lá quantos candidatos, uma Eleição que parece ser a mesma e parece deixar tudo na mesma, como podemos ter vontade de votar diante de tanta falta de opção mascarada por opções inconsistentes?

Ainda dirão: "Mas você tem que votar! Não podemos deixar fulano ganhar! Vamos usar o voto útil ao menos!" E eu direi: não adianta, enquanto não me sentir parte integrante e realmente atuante deste sistema, ele não serve para mim e eu não sirvo para ele.

Não! Não vou dar meu voto a ninguém. Eles já têm muitos de mão beijada, vão ter que se esforçar mais para terem o meu. Terão que me convencer, afinal meu voto é "muito importante", não é o que dizem? Vai ter que suar mais a camisa, amigo!

Quem sabe se uma parcela maior de descontentes anulasse ou não comparecesse, talvez o voto pudesse se tornar um pouco mais válido e valioso. Talvez pudéssemos começar a mudar as regras deste jogo que já sabemos sempre quem serão os eternos vencedores - até que as coisas mudem. Sonho? Talvez. Mas meu voto não terão.

Por enquanto, e por um bom tempo, este será meu único voto: não!

Thiago Mattos.

Imagem: http://rasuralivre.blogspot.com/

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