quarta-feira, maio 28, 2008

Vai parar?

A nova campanha do Ministério da Saúde traz uma questão interessante: as imagens chocantes impressas nos maços de cigarro conseguem, afinal, atingir seus objetivos? Alguém realmente deixa de fumar de tanto ver fetos podres, pulmões estragados, cabeças abertas ensangüentadas, etc. etc. etc? Não tenho tanta certeza.

Os fumantes (de maneira geral) sabem dos riscos do cigarro à saúde, mas as informações sobre tais malefícios não fazem (por si só) alguém parar de fumar.

Todos já sabem que “este produto contém mais de 4.700 substâncias tóxicas” mas o vício e o prazer de fumar acabam falando mais alto.

Então qual é o verdadeiro impacto causado pelas referências ao aborto espontâneo, derrame, envelhecimento precoce, impotência sexual (entre outros problemas)? Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que as fortes imagens, se não fazem as pessoas largarem imediatamente o vício, ao menos as fazem repensar.

De qualquer forma, a nova campanha está aí, amparada por números e números.

200 mil pessoas morrem por ano no Brasil em decorrência de doenças associadas ao tabaco - o que gera uma despesa de R$ 400 milhões por ano somente em atendimento médico. O Brasil tem cerca de 23 milhões de fumantes. Faça você mesmo as contas.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, defende ainda a taxação dos cigarros, já que o preço no Brasil é um dos mais baixos no mundo. Para se ter uma idéia, um maço de cigarros na França custa em média € 5 (quase R$ 15). Além disso, uma medida ainda sem data para ser votada no Congresso quer proibir o fumo em ambientes fechados.

Mas fica a pergunta que não quer calar: se não informação, fortes imagens ou o que mais vier para esclarecer e alertar os malefícios do cigarro, o que realmente é preciso para parar?

Thiago Mattos.

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domingo, maio 25, 2008

"Maio já está no final..."

O mês de Maio já vai acabando com uma sensação de que logo logo o ano também já será outro. É impressionante: quanto mais velhos ficamos, mais rápido o tempo parece passar. De qualquer forma, não vim até aqui pra isso.

Essa semana, duas notícias especialmente me chamaram a atenção.

Uma delas é um artigo do New York Times, que discute a nova situação econômica do Brasil, mostrando como agora os brasileiros da classe média podem ter acesso a bens de consumo, diferentemente de alguns anos atrás.

O artigo elogia claramente a política econômica do governo Lula - "administração competente" são as palavras exatas - comparando a atual conjuntura a um momento anterior, onde tudo era mais difícil no país.

“Antigamente quando os EUA espirravam, o Brasil pegava pneumonia, mas este não é mais o caso”, declara Marcelo Carvalho, diretor executivo do Morgan Stanley, numa interessante alusão a um passado nem tão distante assim.

Só ficou faltando falar das consequências deste novo modo de consumo, como os insuportáveis engarrafamentos diários nas grandes cidades, decorrentes do novo poder de compra da classe média brasileira. Mas isto é um apenas um detalhe, não é?

Bem, para acessar uma versão em português do artigo, clique aqui. A versão integral em inglês, aqui.

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A outra notícia vem da TV.

É que Os Simpsons já estão na 19ª. temporada (um recorde!) e continuam cada vez mais ácidos e pungentes, com um invejável vigor. Os episódios da nova temporada trazem cenas que ainda darão muito o que falar, como os seios da Pamela Anderson balançando no ar.

A família que vez por outra é censurada (e não apenas na Venezuela) por conta de seu comportamento politicamente incorreto, continua mostrando estar a frente de seu tempo. Até hoje, poucos entendem que a série não é um desenho animado para crianças.

Enquanto a maioria das emissoras a exibem no horário nobre, a Globo insiste em exibir a série em sua programação matutina destinada às crianças, no saco de gatos que é a TV Globinho.

De qualquer forma, acompanhar esta família é estar em dia com o mundo contemporâneo e, de modo crítico, entender as loucuras pelas quais passamos. Por isso e muito mais, Os Simpsons – uma ironia sofisticada e debochada da clássica família americana – devem ser assistidos e deliciados.

Uma boa semana para todos!

Thiago Mattos.

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terça-feira, maio 13, 2008

"Pede pra sair! Pede pra sair!"

Barack Obama é o primeiro negro com chances reais de se tornar um presidente dos EUA.

Apesar da teimosia de Hillary Clinton – que insiste em não deixar a disputa pela indicação do Partido Democrata, mesmo quando tudo lhe diz o contrário – o senador de Illinois deve ser o candidato escolhido para representar o partido nas eleições de Novembro.

Para alcançar a nomeação democrata, seria necessário conquistar 2.025 delegados. Como nenhum dos candidatos conseguirá atingir tal número até Agosto (mês da convenção do partido em Denver), serão os superdelegados quem decidirão a nomeação. Eles são as figuras de mais destaque no partido (membros do Congresso, governadores, líderes de relevo) e as recentes contagens já indicam a liderança de Obama, ajudado pelas deserções no lado de Hillary.

Certamente não deve ser fácil para a senadora de Nova York simplesmente desistir – ela tirou de seu próprio bolso uma quantia de 11 milhões de dólares para financiar sua campanha. De pouco adiantou também ter Bill Clinton ao seu lado; ao contrário, pode tê-la atrapalhado.

Já Barack Obama tem se mostrado dono de uma singela desenvoltura política, superando episódios como o fogo-amigo disparado pelo pastor Jeremiah Wright (que reacendeu a chama da discórdia racial e quase minou as chances do pré-candidato) e saindo ileso das diversas vezes em que emissoras de TV “confundiram” seu nome, trocando “Obama” por “Osama”.

Se eleito, Obama pode significar para os EUA algo similar ao que JFK representou na década de 60 – seja no frescor da novidade, seja no inegável carisma de líder, seja na esperança vinda do povo.

Mas ainda há uma longa estrada pela frente. Correndo tudo como o esperado, seu próximo desafio será o confronto com John McCain, que vem tirando proveito em sua posição de candidato já escolhido pelo Partido Republicano, enquanto os pré-candidatos democratas perdem tempo digladiando e enfraquecendo o partido.

Certamente uma das perguntas que mais convém é por que Hillary não desiste. Inegavelmente, talvez fosse mesmo hora para os EUA terem uma mulher no poder. Mas, ao que tudo indica, não “essa” mulher. Hillary não convenceu, e sairá da disputa deixando uma má impressão da sua personalidade - já devia ter pedido pra sair.

Da mesma forma, há menos de 5 décadas atrás, negros não podiam votar no sul dos EUA. Hoje, apesar das (ainda) enormes diferenças, pela primeira vez na história um negro pode fazer a diferença e ajudar a unir os desunidos Estados Unidos. E fica a pergunta que também convém: por que não Barack Obama?

Thiago Mattos.

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segunda-feira, maio 12, 2008

Ciclones. Tornados. Terremotos.

CicloneMais de uma semana após o ciclone Nargis devastar Myanmar, pouco mudou em relação a postura da junta militar que governa o país: continuam dificultando a entrada de ajuda humanitária e até confiscando suprimentos destinados às vítimas.

Contagem não-oficial estima que o número de mortos possa chegar aos 100 mil. Apesar da situação emergencial, e dos apelos constantes de organismos internacionais, os governantes de Myanmar parecem não ter pressa.

TornadoDezenas de tornados devastaram parte da região central (meio-oeste) dos EUA neste fim de semana. Missouri e Oklahoma foram os estados mais atingidos. Além da destruição de cidades, os tornados podem ter matado mais de 20 pessoas.

TerremotoUm terremoto de 7,8 graus pela escala Richter que atingiu a região central da China nesta Segunda (12) pode ter matado cerca de 10 mil pessoas e ferido outras 10 mil - os números não param de subir. O epicentro foi a 93 km ao noroeste de Chengdu, capital da província de Sichuan.

A situação é dramática: um hospital e cinco escolas desabaram - numa delas, 900 estudantes foram soterrados. Para se ter idéia da magnitude do terremoto, o tremor chegou a ser sentido até em Bangcoc, capital da Tailândia, que fica a cerca de 3.300 km de distância. Resta saber como as autoridades chinesas reagiram diante da tragédia.

Thiago Mattos.

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