quarta-feira, novembro 29, 2006

Fala sério, mané!


Confesso que me surpreendi com as pessoas que leram ontem o Sangue e seus comentários; Estava precisando desse retorno, dessas críticas e sugestões. Deu vontade de falar mais.

Andrezinho avisou ao vivo e, pelo que parece, o novo presidente do Equador pode mesmo trazer ao Brasil a mesma dor de cabeça que trouxe Evo Morales há um tempinho atrás, dizendo que revisará os contratos das empresas petrolíferas estrangeiras que operam no Equador.

Na mesma pauta, outra cara leitora e colega de ofício, Zaira Brilhante, tinha comentado ontem que a Agência Nacional de Petróleo (ANP) cancelou a 8ª. Rodada de Licitações de áreas de exploração e produção de petróleo. Isso aconteceu depois que a Justiça Federal de Brasília concedeu uma liminar que suspendeu o leilão de ontem pela metade, o que nos remeteu a campanha getulista “O petróleo é nosso”.

Mas hoje quero falar de outra coisa. Quero falar de pizza.
A pizza da qual vos falo foi servida também ontem, no Conselho de Ética do Senado, que absolveu coletivamente os três senadores acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas, dentre eles o senador Nei Suassuna (PMDB-PB). Apesar da recomendação de Jefferson Péres (PDT-AM) para a perda do mandato de Suassuna, o senador que estava em julgamento recebeu apenas uma advertência verbal. Que coisa feia!

No final, ainda reclamou com a imprensa e disse que voltará a ser um “cidadão comum” e cuidar de seus “shoppings e empresas”, já que não foi reeleito. Nobre senador, desde quando um cidadão comum tem shoppings e empresas? Bem, eu não tenho. Não bastasse isso declarou que está “enojado com a política”. Bem, se ele está enojado, imagina eu.


A oposição, essa sim, também tem dado nojo. Nessa mesma sessão onde Suassuna foi absolvido, mostrou como é boa para acender o fogo no período pré-eleitoral e apagá-lo depois das eleições. Falar mal da oposição, contudo, não é o mesmo que falar bem do governo. Há muito tempo não está dando pra falar bem de ninguém, nem de mim e nem de você. Mas quero falar bem de um senador brasileiro do Amazonas, o qual teve ontem uma postura excelente: o senador Jefferson Péres, que recomendou a cassação de Suassuna e depois declarou que irá abandonar a política, desalentado.

Bem, parece que todos os chamados bons políticos estão debandando. O que é uma pena. Mas imagina só, você prepara um parecer, se empenha naquilo para tentar trazer mais moral para a vida política do país, com a condenação de um senador safado e todo seu trabalho é desmoralizado e no final é como se nada tivesse acontecido, com as gargalhadas entre os parlamentares e tudo mais. Como diria o saudoso Bussunda: Fala sério!


Thiago Mattos.

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terça-feira, novembro 28, 2006

Que mundo é esse?

Digamos que a morte do Jece Valadão, ícone inspirador dos cafajestes brasileiros, e o aparecimento do meu caro amigo André Luiz Coelho no programa da TVE ontem à noite, falando sobre as eleições equatorianas, me tiraram do meu ostracismo virtual, coisa que acontece mesmo com quem escreve em blog uma hora ou outra. Chega uma hora em que dá no saco e você tem uma leve porém não desmentida sensação de quem ninguém está te lendo. Aliás, por que o fariam?


Aí então pensei: do que adianta você querer puxar um assunto sobre os altos salários dos ministros ou dos desembargadores, ou ainda especular sobre os assaltos a turistas, até mesmo a chamada “crise aérea” se você está falando sozinho? A verdade mesmo é que ninguém está interessado nem nos foguetes qassam nem em quem vai ser o próximo presidente do Equador, infelizmente.

Logo assim que comecei o Sangue, publiquei um texto falando por que não estava no Orkut. Um tempo depois resolvi estar e provar minha tese dos problemas que ele causa. Não deu outra. As pessoas perguntavam e se espantavam: Não acredito! Viu o mal que a língua faz? E as risadas de hiena ecoavam. Isso foi notícia durante um tempo: Você sabia que o Thiago entrou no orkut? Menina, que coisa! Que mundo é esse em que estamos?!

Pois é, minha vida volta e meia vira notícia, basta eu fazer alguma coisa e, quando as pessoas descobrem da coisa inicial, acaba que alguém me conta de algo que nem sabia que tinha feito. Essa é a notícia mais falada, a da boca pequena, o que acontece do outro lado da parede, a vidinha da amiga da tua prima que fez 3 abortos ou do teu vizinho traficante careca que tem uma namorada vesga e cheia de tatuagens.

Será que se eu começar a contar minhas estórias e aventuras, confessar meus erros e vangloriar-me de minhas vitórias, mentir e ser sincero, ser simplesmente humano e falar das coisas mais mesquinhas e íntimas as pessoas se interessariam? Porque ter um blog, uma banda, fazer uma peça, ser artista, tudo isso é se expor. E tenho descoberto os perigos e males de se expor. De ser simplesmente quem você é mas em olhos desfocados e alheios de quem não te é.

Thiago Mattos.

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