quarta-feira, novembro 26, 2008

"Não sou pessimista, o mundo é que é péssimo"

José Saramago é o escritor do momento. Conectado com seu blog, assistido através do seu livro que virou filme pelas mãos de Fernando Meirelles e presente aonde for necessário estar, o Nobel da literatura portuguesa (1998) veio ao Brasil inaugurar a exposição "A Consistência dos Sonhos" e lançar "A Viagem do Elefante", seu novo livro.

Conhecido por ser rabugento e pessimista, Saramago destilou uma frase, no mínimo, coerente: "Não sou pessimista, o mundo é que é péssimo".

Com sua envolvente sobriedade e sua ímpar habilidade com as palavras, questionou:


"Nessa longa história da humanidade, em que ponto tomamos uma direção errada que nos levou ao desastre que estamos hoje, do qual somos responsáveis? A literatura pode salvar o mundo? Mas salvar o mundo como? Principalmente depois de tudo o que já se escreveu. Como não conseguimos mudar o rumo de nossas vidas?"

E continuou:

"Quantos delinqüentes existem no mundo? A violência já atingiu o nível da barbárie. A corrupção chegou a tal ponto que é um problema de linguagem. A palavra bondade hoje significa qualquer coisa de ridículo. É preciso conquistar, triunfar. Ninguém se arrisca a dizer que seu objetivo é ser bom. Querer ser bom em uma época como esta é se apresentar como voluntário para a eliminação. Como chegamos a isso?" Até que concluiu: "Para mudarmos a vida, é preciso mudarmos de vida."

Em meio a tantos livros de auto-ajuda, de tantos "Segredos" e com um mundo precisando tanto de uma luz, Saramago mais uma vez vem jogar um balde de água fria em quem insiste em achar tudo colorido.

Como salvar o mundo se não somos capazes de salvar a nós mesmos? Focados no consumo individualista, na conquista da vitória através da acumulação de posses custe-o-que-custar, acachapados e tontos com uma completa inversão de valores, onde as idéias e as ideologias valem mais do que uma vida, como sermos simplesmente otimistas?

Se apenas o otimismo fosse suficiente para salvar o mundo, seria perfeito. A única coisa é que, como todos sabemos, o inferno está cheio de boas intenções.

Thiago Mattos.

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quinta-feira, novembro 20, 2008

Consciência brasileira

Há cinco anos comemoramos o Dia da Consciência Negra no Brasil. Contudo, o feriado que lembra a morte de Zumbi dos Palmares em 1695 e tenta levantar a auto-estima de um povo que tem sido paulatinamente desprezado, ainda é pouco levado a sério no país.

Muitos questionam a importância da data. Das 27 capitais, apenas São Paulo, Rio, Manaus, Cuiabá e Maceió instituíram feriado. No nordeste, onde a maioria da população é negra, apenas seis cidades fazem recesso. Na Bahia, estado onde há notadamente a maior população negra do país, o feriado só é reconhecido em um município: Itaparica. Em Salvador (78% de negros), os baianos trabalham.

A relação entre a pouca atenção dispensada à data e a falta de força e organização do movimento negro parece clara. Como parte integrante desta sociedade desorganizada por excelência como um todo, um movimento negro que imprima maior firmeza e seriedade na busca pelo reconhecimento de suas causas enfrentará uma óbvia rejeição.

Mas essa falta de organização brasileira – o que mais encanta e espanta no país – não pode servir de desculpa para o fracasso na busca pelas demandas do movimento. Ao contrário, exige soluções criativas e inteligentes. Como envolver um povo que nada parece levar a sério, como integrar e unir um povo essencialmente descompromissado?

Responder a essas questões parece ser o melhor caminho para entendermos o cerne da questão. Já que tudo acaba em festa ou pizza, talvez sejam esses os melhores caminhos para abrir os olhos de quem parece querer continuar cego – e feliz.

No final, cada um se entende com a sua consciência - ou com a falta dela.

Thiago Mattos.

Imagem: http://rasuralivre.blogspot.com/

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terça-feira, novembro 18, 2008

Notas e notícias


Diz o jargão jornalístico que notícias sobre suicídios devem ser tratadas de forma lacônica, com muito cuidado e até mesmo evitadas. Mas o mesmo jargão também salva ao jornalista o direito de publicá-las.

Paulo Sérgio da Silva, 36, operador da corretora de ações Itaú, atirou contra o próprio peito na tarde de ontem (17), durante um pregão na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), em São Paulo. A notícia virou nota e pouquíssimos meios de comunicação a repercutiram - talvez, por conta do tal jargão jornalístico.

Em nota à imprensa, a BM&F confirmou que "ele foi socorrido imediatamente no ambulatório da bolsa e transferido para a Santa Casa de São Paulo", conforme divulgou a agência de notícias Reuters. Contudo, mais informações serão raras.

A tentativa de suicídio, segundo colegas de trabalho, não tem uma conexão direta com a crise financeira que estamos atravessando, ao contrário do que poderíamos associar, já que Paulo havia anteriormente interrompido suas atividades como broker por conta de depressão e usava medicamentos anti-depressivos.

Talvez tal notícia, trágica para a família e amigos, pudesse apenas virar uma simples nota de rodapé, como nos sugere o velho jargão. Mas vivemos um momento em que todas as atenções se voltam para o mercado financeiro e fica difícil ignorar o que nele está acontecendo.

Uma arma dentro do mais importante palco das decisões financeiras do país, as consequências do estresse de uma profissão que está com os dias contados para substituir homens por computadores (como nos mostra a tendência mundial), ou apenas um comportamento depressivo em meio a gritos de compra e venda? Seja como for, vale a pena ter em mente cada uma dessas variáveis.

Thiago Mattos.

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sexta-feira, novembro 14, 2008

Caixinha de boas idéias

Sacos Plasticos
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Uma caixinha de boas idéias por si só já é uma boa idéia. Para aqueles comprometidos com a melhora do mundo - trabaho infinito de formiguinha - aí vai um importante item dessa caixinha: acabarmos com nosso vício pelos sacos plásticos já!

O mais importante é sempre lembrarmos de levar conosco uma bolsa ou algo que o valha e, assim, na hora de empacotar as compras, podemos dar o exemplo e fazer com que essa moda pegue de uma vez. Pelo bem da economia e principalmente da natureza! É ou não é uma boa moda para ser copiada?

Thiago Mattos.

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quarta-feira, novembro 12, 2008

A palavra e o silêncio

Após um tempo de ausência, um provérbio chinês para ajudar a clarearmos as idéias:

"A palavra vale prata, o silêncio vale ouro"