quarta-feira, janeiro 27, 2010

A batalha pela livre circulação do conhecimento

Na última segunda-feira (25), o editor-chefe do jornal britânico The Guardian, Alan Rusbridger, deu uma resposta à altura para a campanha ferrenha do bilionário Rupert Murdoch de introduzir formas de cobrança nos sites de notícia.

Segundo Rusbridger, a cobrança universal pelo conteúdo desses sites acabaria por tirar a indústria jornalística da revolução digital que está permitindo, como nunca, o engajamento entre os leitores e os jornais. Ele defende um diferente modelo de negócio, que leve em conta um acesso majoritariamente grátis, onde haveria cobranças apenas em alguns casos – como conteúdos especiais, por exemplo.

Numa outra ponta da discussão está Murdoch e seu império da comunicação, que inclui, entre outros, The Wall Street Journal e The Times. Murdoch já anunciou para ainda este ano a cobrança nas versões online dos dois jornais anteriormente citados. Seu maior argumento é que “jornalismo de qualidade não é barato”. Ao que Rusbridger, o defensor das notícias grátis, responde lembrando o corte no preço dos jornais promovido deliberadamente por Murdoch, para vencer seus competidores.

Esta é uma discussão atualíssima e deve interessar a todos que se relacionam com meios de comunicação, a todos que vendem ou consomem notícias. As decisões que estão prestes a ser tomadas, e o modo como serão recebidas, podem afetar a vida de todos nós.

Recentemente, The New York Times também optou pelo modelo da cobrança de conteúdo, que será feito a partir de 2011. Ao que tudo indica, a cobrança pelo conteúdo da versão online do jornal nova-iorquino se dará por um aplicativo produzido pela Apple – que acabou de anunciar o seu iPad, uma espécie de “I-Phonão” que permitirá, entre outras coisas, a leitura de jornais e revistas com uma incrível qualidade visual.

O certo é que muita coisa está acontecendo e precisamos ficar atentos. Consumimos e somos engolidos pelas mais diversas mídias – TV, jornais, revistas, rádios, vídeo-games, propagandas, internet, celulares. Em meio a tudo isso, cobrar pelo que pode ser obtido de graça é, no mínimo, oportunista.

Nesse fim da primeira década deste começo de milênio, é cada vez mais fácil obter informação de qualquer tipo. Mais que uma aposta segura – há uma torcida – para que Murdoch esteja errado. E que assim continue a livre circulação do conhecimento.

Thiago Mattos.

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terça-feira, janeiro 26, 2010

Herdeiro de uma herança maldita

A Obamamania acabou, clamam os analistas. A recente derrota democrata em Massachussetts parece ter marcado o fim de uma era que, como alguns insistem, durou um ano.

A suada reforma da saúde, que ainda não está encerrada, e a enorme ajuda aos bancos e à General Motors parecem ter ponteado esse o primeiro ano de governo, revelando desafios que vão tornando o lema de campanha cada vez mais distante. Em vez daquela afirmação pungente (“Sim, nós podemos” ), a pergunta que todos fazem agora é “Podemos mesmo?”

Apesar de tudo, ainda é cedo para uma avaliação mais precisa de um governo que já chegou causando frisson e, ao deparar-se com obstáculos quase intransponíveis, causa o mesmo alvoroço – seja entre críticos ou partidários.

O governo Obama, pelo menos por enquanto, é um herdeiro de uma herança maldita. Mas é bom que não se esqueça: pode – e deve – ser muito mais que isso.

Thiago Mattos.

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quarta-feira, janeiro 20, 2010

Macarrão instantâneo: um preço que não compensa

Apesar de toda praticidade e do baixo preço, os macarrões instantâneos ainda deixam muito a desejar. É o que mostra uma pesquisa do Pro Teste, órgão da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, que testou dez marcas do produto e concluiu que toda a conveniência esconde riscos à saúde.

De acordo com a pesquisa, os macarrões instantâneos são ricos em gordura e aditivo para realçar o sabor. Chamou a atenção, inclusive, o altíssimo teor de sódio encontrado nos macarrões; alguns dos produtos alcançam quase 100% do que um adulto deveria consumir em um dia.

A pesquisa também ressaltou um ponto curioso: a razão pela qual o macarrão instantâneo é tão rapidamente preparado deve-se ao fato de ser pré-cozido e depois perder água em um processo de fritura – o que muita gente ignora, já que essa informação não vem escrita no rótulo.

Além disso, os macarrões instantâneos (sem o tempero) possuem, em média, cinco vezes mais gordura do que o macarrão tradicional, que por sua vez ainda é mais barato que o instantâneo. Em outras palavras, a vantagem do macarrão tradicional em relação ao instantâneo é nutricional e econômica.

Para se ter uma ideia do tamanho do problema, enquanto a legislação europeia estabelece o limite de 10g/kg para o glutamato monossódico (aditivo que realça o sabor), no Brasil o menor valor encontrado em uma marca é de 54g/kg e o maior valor chega a 242,4g/kg. Como trata-se de uma substância maléfica à saúde, a pesquisa não recomenda o consumo do produto, principalmente para as crianças. E mesmo para o consumo eventual, deve-se maneirar no tempero.

Thiago Mattos.

PS: Publicado no Momento On Line

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