O perigo de se apertar botões
Tem gente me dizendo que eu não estou perdendo nada fora do Brasil, que na terrinha tá tudo a mesma merda de sempre, com o mesmo perfurme que exalam as falas do presidente, o dossiê contra os tucanos, a campanha eleitoral, enfim, tudo o que tem se falado por aí.
Estou preocupado porque não vou conseguir votar daqui, mas também me disseram que sorte a minha, visto que as opções dão medo. Bem, por um lado é mesmo bom não estar comprometido por nenhum resultado medonho e se abster se participar de uma coisa em que não se acredita; por outro, é uma pena que não possa ir lá naquela Zona e anular tudo.
Tem gente se sente saudades do tempo das cédulas, onde se podia escrever os maiores impropérios pra expressar o grau de revolta diante do pleito. Tem gente que faz a campanha “Pague a Multa”, que, devo me dizer, quase me convenceu. Uns votam pela simpatia, outros pela musiquinha mais legal.
De minha parte, acho que, se por um lado o voto obrigatório induz a participação eleitoral, por outro lado, essa participação se torna extremamente apolítica. Pode ser que eu mude de idéia, como tenho feito desde que eu nasci. Ou pode ser que eu acabe esquecendo tudo o que aprendi sobre o perigo de se apertar botões.