terça-feira, setembro 26, 2006

O perigo de se apertar botões

Tem gente me dizendo que eu não estou perdendo nada fora do Brasil, que na terrinha tá tudo a mesma merda de sempre, com o mesmo perfurme que exalam as falas do presidente, o dossiê contra os tucanos, a campanha eleitoral, enfim, tudo o que tem se falado por aí.

Estou preocupado porque não vou conseguir votar daqui, mas também me disseram que sorte a minha, visto que as op
ções dão medo. Bem, por um lado é mesmo bom não estar comprometido por nenhum resultado medonho e se abster se participar de uma coisa em que não se acredita; por outro, é uma pena que não possa ir lá naquela Zona e anular tudo.

Tem gente se sente saudades do tempo das cédulas, onde se podia escrever os maiores impropérios pra expressar o grau de revolta diante do pleito. Tem gente que faz a campanha “Pague a Multa”, que, devo me dizer, quase me convenceu. Uns votam pela simpatia, outros pela musiquinha mais legal.

De minha parte, acho que, se por um lado o voto obrigatório induz a participa
ção eleitoral, por outro lado, essa participação se torna extremamente apolítica. Pode ser que eu mude de idéia, como tenho feito desde que eu nasci. Ou pode ser que eu acabe esquecendo tudo o que aprendi sobre o perigo de se apertar botões.

Thiago Mattos.

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segunda-feira, setembro 11, 2006

Árabes, israelenses e flamenguistas

Se alguém atropela um cachorro ou um ciclista porque ele não devia andar na pista, tá tudo bem. E também tá tudo bem se jogam lixo na rua para não desempregar o lixeiro ou se alguém mata um lixo de pessoa, como era considerado o Coronel que ordenou as mortes do Carandiru.

Tudo, tudo, tudo bem se há menos de um mês da eleição ninguém fala dela ou ainda se ninguém que participa dela fala de algo realmente útil. E se não se fala quase nada além do que ja foi dito sobre um Setembro de 5 anos atrás já distante, tá tudo certo, bicho.

Ferreira Gullar declarou que a parte inicial do Poema Sujo era mesmo pra embromar, Caetano Veloso disse que há muitas cancões no mundo, publicam esse tipo de coisa nos jornais, um blog chamado sanguedbarata.blogspot.com comenta essa baboseira, algumas pessoas ainda ficam lendo e tá tudo bem, qual o pobrema? A falta do que falar faz a comunicação ser ainda mais complicada, ninguém se importa.

O racismo que ninguém viu e ninguém vê, a maldade que ninguém faz, o mundo que sempre foi essa coisa quase redonda girando. Meu filho, se controle se der vontade de cantar oh baby, baby, it's a wild world porque vem a economia e seus números, as pessoas e as palavras, tudo nos dá uma idéia de que não há com o que se preocupar e não há nada fora da nova desordem mundial. Se tá tudo tão certo, como poderia dizer “árabes, israelenses e flamenguistas uni-vos”?

Thiago Mattos.

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