Feliz tudo de novo!

2006 já era, mas deixa perguntas. Será que a execução de Saddam Hussein – espetáculo sádico de um mundo que deseja acabar com a violência e fazer justiça dando exemplos hipócritas e sanguinários – desviará a atenção das mortes diárias no Iraque, ou apenas as aumentará? Quanto tempo ainda levará antes que os senhores da guerra decidam deixar o país à própria sorte dos iraquianos? Com quantas guerras se faz uma paz?
Depois de tantos escândalos políticos, do povo desenganado com seus governantes, de mais do mesmo, será que a reeleição de Lula mudará algo substancial no destino do país ou sua maneira curiosa de governar – que vem misturando coalizão e colisão – não aprenderá com os erros do passado? O que vem pela frente: mais sujeira ou uma melhora nas consciências? Com quantos escândalos se faz um político?
A cidade do Rio de Janeiro, a menos de uma semana para terminar o ano, sofreu com inúmeros ataques de violência onde ônibus foram queimados e pessoas foram mortas. Mas, a vida na cidade continuou normalmente, como se nada tivesse acontecido. Por mais que a violência chocasse, no fundo, para quem era apenas expectador, pouco se espantou. Tudo seguiu como se a violência fizesse parte do nosso cotidiano – e o pior é que realmente faz. Com quantas mortes se tomam providências?
Fica mais uma pergunta: se foram as tais milícias – como tanto se tem dito – que expulsaram traficantes dos morros cariocas, e se elas são formadas por policiais, agentes penitenciários, bombeiros, ou seja, agentes do Estado que deveriam combater a isso tudo como agentes do Estado e não encapuzados, por que o Estado, que os emprega e portanto tem poderes para fazer o mesmo de uma maneira legítima, não o faz? O que, se não vontade política, ainda falta para isso acontecer?
Mesmo que tenham ficado perguntas sem respostas e muitas por responder, 2007 já está aí e não adianta mais fingir que não é com a gente. Que este ano – que de novo não tem nada – traga a todos nós um pouquinho mais de respostas para que aos poucos as melhoras possam vir. Enquanto isso, deixa eu cantar: Get upa! Get on up!
Thiago Mattos.