quarta-feira, outubro 10, 2007

Boas idéias

Genial! Não há melhor palavra para definir a louvável iniciativa da banda inglesa Radiohead, que a partir de hoje disponibiliza para download seu novo álbum In Rainbows pela quantia de £quanto-você-quiser-pagar. Isso mesmo, quanto você quiser!

A sacada da banda deixou de cabelo em pé os executivos da indústria musical, até porque iniciativas como esta já haviam sido tomadas por outras bandas como The Charlatans, e ao que tudo indica será mesmo o destino de outras tantas, como Oasis e Jamiroquai.

A empreitada aventureira não tem nada de ingênua e tem tudo para dar certo. Ao que tudo indica, o Radiohead faturará ainda mais do que se ainda estivesse atrelado às garras gananciosas de uma grande gravadora – somente a pré-publicidade em torno do lançamento já foi capaz de lhes gerar uma pequena fortuna.

Eu mesmo já comprei meu álbum, não tanto pela música (que poderia conseguir de graça numa questão de horas), mas principalmente pela oportunidade de participar e aplaudir esta iniciativa histórica.

Quem acompanha os rumos da indústria musical sabe que não dá mais para jogar o mesmo jogo com as regras antigas. O mundo está mudando e a indústria também precisa mudar, ou não sobreviverá – a constante queda na venda de CDs não deixa dúvidas.

Pôr a culpa na pirataria então, nem se fala. Não dá mais para engolir essa hipocrisia. Quando não existia Internet já podíamos gravar nossas músicas preferidas em fitas cassetes, seja de um LP emprestado ou diretamente da rádio, e isso não era considerado pirataria nenhuma. O que acontece hoje é a mesma coisa, só que numa escala infinitamente maior e com uma qualidade extremamente superior.

Ter a possibilidade de acessar a uma nova informação, descobrir uma banda de um lugar que nunca se poderia imaginar que existe, tudo isso sem sair de casa é ou não é o máximo? Por que não abraçar isso?

Quem escreve isso é uma pessoa que ama música, respira música, faz música e musica música. Também quando tiver minhas músicas gravadas vou permitir que façam cópias, que a divulguem, que a espalhem como um vírus, porque sei que isso, apesar de não ser do interesse das grandes gravadoras, é bom para o artista. Há mais coisas envolvidas neste jogo; principalmente quando há uma corporação que morde boa parte da quantia que o artista deveria receber.

Quem compra uma música não compra o som, nem o material físico; mais que isso, compra uma idéia. E a idéia não fica velha, não desbota nem arranha. A idéia não tem preço: está por toda a obra e é indivisível, ou você compra aquela idéia ou não – e muitas vezes as idéias não cobram nada por isso.

Boas idéias, é disso o que precisamos.

Thiago Mattos.

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12 Comments:

Blogger Unknown said...

É meus amigos, para pra pensar que esse lance de direitos sobre materiais produzidos ta um pouco defasado, a parada agora é WEB2.0, COMMON RIGHTS!!!Que é justamente o que você ta "pregando" aí thiago:
FALEM MAL OU BEM MAS FALEM QUE É DE MIM QUE ESTÃO FALANDO!!!!
É isso aí RADIOHEAD mandando ver....e
parabens aí meu caro pelo artigo...por que o dia que se todos se tocarem nesse lance da IDEIA, as produções vão começar a ficar mais interessantes!!
AQUELE ABRAÇO A TODOS

12:44 PM  
Blogger Hugo Mendes Guimarães said...

lembro-me da epoca em que os camelos vendiam,tambem,as famosas fitas k7,na capa uma xerox mal feita com a cara da banda ou do artista.
e que tinhamos o famoso 3 em 1, disco,radio e take.(duplo) que nos permitia,tambem, fazer nossas copias.

Começou com disco,veio pra fita,chegou o CD e musica ,agora, é .mp3, dificil lutar contra o avanço tecnologico (é melhor as gravadoras se adaptarem)

bacana o texto thiago ;), agora diz pra gente, quanto vc pagou no Radiohead? rs
abração

1:58 PM  
Blogger Carlos de Castro said...

Grande sacada do Radiohead. Ganha o seu, não enche o saco de ninguém, não dá mole paras as gravadoras. É um tapa na cara do $Metallica$. O Fagner outro dia estava no Sem censura da TVE e disse que alguém pobre desses nossos interiores de estrada de terra só poderia ter acesso a seu material devido a pirataria. E ele está certo. Com essa iniciativa do Radiohead com certeza a cena musical vai mudar para melhor. Lucram artista e público.

4:28 PM  
Blogger Sangue de Barata said...

Sabia que essa pergunta ia chegar =D

Paguei £1,50

Sei que pra eles isso nao fará diferença mas mais do que isso para mim faria. Além do mais, poderia simplesmente nao ter pagado nada =P

Agora, digam vocês quanto pagariam e por quê?

4:31 PM  
Blogger Seu Cuca said...

Ish,

eu não sou fã do Radiohead, não compraria. Mas acho que o custo de 0.99 por faixa - na tradição iTunes - tá um preço legal.

No Canadá houve uma iniciativa interessante (infelizmente massacrada) em que você pagava uma taxa embutida no preço dos CD's virgens.
Essa taxa ia pra associação de artistas, e teoricamente "eliminava" qualquer prejuízo com os downloads.
Naturalmente não é uma solução isonômica e deixa as gravadoras "no frio", mas é uma curiosidade.
Também curiosa é uma proposta de grandes empresas de telecom americana que sugerem que os SITES e demais provedores de conteúdo deveriam pagar A MAIS para que seus clientes tenham boa velocidade de acesso às suas páginas e arquivos. É uma péssima coisa que, se passar no congresso americano, acaba vazando pro resto do mundo e vai obrigar esses artistas a aumentar seus custos de distribuição independente (sob pena do seu download ficar em 0.1Kb/s, Thiago).

Enquanto os assuntos beiram os downloads, vale mencionar que no Brasil já foram movidas ações contra usuários de serviços P2P (KaZaa, eDonkey) que compartilhavam arquivos MP3. São sempre muito poucas, mas este tipo de coisa está chegando por aqui também.
Pra quem se preocupar, o programa Tor (http://tor.eff.org/index.html.pt) é uma ótima opção para quem quer um pouco mais de anonimidade online e reduzir os riscos de um uso inocente de P2P lhe causar problemas.

Abraço.

10:48 AM  
Anonymous Anônimo said...

Mais uns parabéns para o Thiaggo!

Confesso que sou “addicted” a musica. Não posso viver sem. Tal como mulheres, para mim a musica é uma droga. Mas quando você é curioso não pode tudo comprar. Em Paris, tinha o habito de ir a discoteca: não a caixa de musica para jovens bêbados, o lugar onde você pode levar para casa uns CDs para explorar a paisagem auditiva mundial. Aqui no Rio não achei (alguém conhece?).

Mas mesmo assim, não bastava para eu ficar satisfeito, sempre tive que ir baixar musica na net. Muitas vezes foram comprar o CD. Sobre tudo para aqueles artistas que me emocionem mais.

Sim, faço parte do sistema, faço parte da queda das vendas... bal bla bla.
Também se as grandes produtoras não queriam tanto, de certeza o CD voltaria ai palco.
Seria melhor, porque nunca tivemos som de tão má qualidade. O mp3 do pior. A compressão faz que você perca muita informação. Mas ou mesmo tempo, nunca tivemos tanta escolha.

Agora você pode comprar uma musica por $1. Certo. Mas a criação esta virada em fazer 1 boa musica para vender as outras. Cada vez menos são os artistas que criam um CD inteiro, uma historia do inicio até o fim.

Na França, a NetEconomia da musica já mudo muito. Muitos artistas conseguirem ser conhecidos graças a Internet. Não ganhem dinheiro vendo CDs, mas fazendo shows.

A indústria da musica tem que mudar para atender as necessidades dos nossos tempos. A revolução já esta ai!

11:06 AM  
Blogger Wallace said...

Tico, os comentários estão sendo moderados? Postei um recentemente aqui e não apareceu...

12:48 PM  
Blogger Wallace said...

Acho que existem "nichos"de mercado" distintos; o RadioHead está apostando na divulgação da música para vender shows, participação em eventos, estar na mídia por outros caminhos. Existe espaço para todos, até para a venda de CDs tradicionais.

12:50 PM  
Blogger Sangue de Barata said...

Wallace, os comentário nao estao sendo moderados. Até pensei em fazer isso porque às vezes estao pegando pesado, perdem a linha, mas nao quero virar um ditador, um censor, nem nada.

"Deixe que digam, que pensem, q falem..."

Abs a todos.

2:04 PM  
Blogger Sangue de Barata said...

Ainda sobre o comentário do Wallace:
Mas nao seriam esses "nichos de mercado" o alvo da vez? Já que a música por si só nao vende mais como antes.

Outra coisa: ninguém disse até agora quanto pagaria e por quê =P

3:47 PM  
Anonymous Anônimo said...

20 de outubro de 2007, 16h23
Radiohead teria vendido 1,2 milhão de CDs na primeira semana

A banda inglesa Radiohead, que inovou no sistema de distribuição de seu novo disco, In Rainbows, já teria vendido cerca de 1,2 milhão de cópias, informou a rede MTV.
No site da banda, nos internautas poderiam escolher quanto pagar pelo download do álbum, de 0 a 100 libras (que equivalem a cerca de R$ 400).
Uma pesquisa mostrou que o preço médio pago pelo download foi o equivalente a R$4. Com isso, a banda teria lucrado cerca de R$ 4,8 milhões com as vendas do sétimo disco.
Segundo o guitarrista da banda, Jonny Greenwood, a estratégia foi "apenas uma forma de fazer tudo por nós mesmos. Só queríamos que o disco saísse logo".

Redação Terra

9:19 PM  
Blogger Wallace said...

Essa nova forma de venda de música "sem intermediários" pretende mudar o mercado ou criar um novo mercado para conteúdo (música, vídeo, etc). Num futuro próximo os artistas terão a opção de se divulgarem de modo independente, se promoverem através das gravadoras (e depois partir para a carreira independente) ou deixar a divulgação/venda de música a cargo das gravadoras. Ou seja, abre-se espaço para quer empreender a própria carreira ou para quem quer fazer foco na música.
Agora, se as gravadoras oferecessem algo que os camelôs e os independentes não oferecem (CDs originais a preço igual ao camelô, ou músicas com letras em papel e em texto de computador) aí sim, seria algo interessante. As gravadoras aparentemente preferem investir no modelo consagrado(lançar artistas mundialmente, deixando a preocupação com a pirataria para os mercados locais) do que inovar de fato.

5:18 PM  

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