quinta-feira, agosto 30, 2007

O estranho e o familiar

Dois ícones de nossa época foram retratados de um modo curiosamente provocante.

O artista plástico Jonathan Yeo, filho de um deputado conservador britânico, compôs um retrato de George W. Bush com colagens de imagens pornográficas. Quem olha de perto, vê ali muita coisa explícita. Mas sabemos que não é preciso ir até a Soho londrina para conferir toda a pornografia de Bush.


Pricilla Bracks, em sua obra
"Bearded Orientals: Making the Empire Cross" (Orientais Barbudos: Representando a Cruz do Império), retrata Osama Bin Laden como Jesus Cristo e ao mesmo como a Virgem Maria usando uma burka.


Ambas as obras polemizam com o senso comum e, mais que isso, nos fazem exercitar o famoso preceito antropológico sugerido por Clifford Gertz: é preciso estranhar o familiar e familiarizar-se com o estranho, na tentativa de entender o outro e de compreender a nós mesmos.

Mais que contestar, censurar ou rir da piada, vale exercitar.

Thiago Mattos.

Marcadores:

7 Comments:

Blogger Wallace said...

"é preciso estranhar o familiar e familiarizar-se com o estranho, na tentativa de entender o outro e de compreender a nós mesmos." Esta frase resume a postagem: Bush pode ser visto como um governante moralmente questionável, assim como Bin Laden pode ser visto como um santo pelos Muçulmanos. E vice-versa.
O problema é que nem todos tem a capacidade de PRATICAR (compreender talvez) o que a frase coloca e o "ensino" deste conceito é complexo.

1:57 PM  
Blogger Carlos de Castro said...

Mais uma vez a arte cumpre o seu papel contestador, reflexivo e revolucionário. A coragem de Jonatham Yeo, Priscilla Bracks,e Luke Sullivan é comparável a da falecida artista plástica Márcia X, que teve trabalhos proibidos na mostra "Erótica- Os Sentidos na Arte" em 2005 no CCBB, por questionar o relacionamento da fé com a sexualidade (http://www.netprocesso.art.br/oktiva.net/1321/nota/17342).
É função da arte provocar e expor todas as fragilidades desses ídolos de pés de barro. Perfeito.

4:57 PM  
Blogger Carlos Eduardo da Maia said...

Que bom que a arte cumpre este papel. Um carinha interessante é o australiano Ron Mueck, escultor hiper realista.

1:22 PM  
Anonymous Anônimo said...

so falto o Lula como Che Guevara

muito bom o tópico
abraço

3:49 PM  
Anonymous Anônimo said...

Tô esperando um comentário sobre "Tropa de Elite"!
Absurdo você ainda não ter falado a respeito...

1:10 AM  
Anonymous Anônimo said...

Oi caras,

Contestações desse tipo não faltam na arte, e nunca faltarem desde que o homem é homem.

Tudo é sempre uma questão de referencial: a pais de origem, a cidade, a cultura, a família... São sempre fatos difíceis de entender quando não são os mesmos que os nossos.

Por minha parte, é o que eu sempre tento fazer quando encontro novas pessoas. É também por isso que gosto viajar e que morro aqui no Brasil.

Mas o ser humano sempre teve dificuldades para aceitar o outro com as suas diferencias!
É o que faz que o homem sempre esta em guerra e em minha opinião não evoluo desde que ele desceu da arvora.

12:27 PM  
Anonymous Anônimo said...

para divulgar a minha paixão: stencil
aqui segue o link de um artista fantastico
olhem a que ele fez sobre a parede que proteger Jerusalem

http://www.banksy.co.uk/

12:30 PM  

Postar um comentário

<< Home