terça-feira, julho 08, 2008

Somos ridículos


Não há palavras que descrevam a (vergonhososa? desastrosa? assassina?)
atuação da Polícia Militar do Rio de Janeiro que terminou na morte de mais uma criança neste último Domingo, dia 6 de Julho, a 50 metros do prédio onde morava, durante uma perseguição de policiais a bandidos na zona norte da cidade.

Desta vez a vítima foi um menino de 4 anos incompletos, João Roberto Amorim Soares. Mas a pior notícia infelizmente nem é essa. Aí vai: do que jeito que vão as coisas, infelizmente não foi a última.

Quantos inocentes ainda precisam morrer para que tomem vergonha na cara quem têm poder para fazer as mudanças necessárias e que se façam, para que realmente levem a sério os problemas estruturais pelos quais passam nossa sociedade, dentre os quais figura entre os primeiros a violência policial, para que nós também ponhamos a mão na massa?

Compartilho a revolta que se abate neste momento sobre a nossa sociedade em cacos, falida, maquilada por números e dados que mal escondem o cotidiano de tragédias diárias por miséria, doenças, fome e assassinatos. Mas sentir revolta e não transformá-la em algo de útil é apenas balela.

Entregues a loucos, não temos nem ao menos o poder de nos organizarmos - também nem queremos ter, desde que haja alguém que nos diga o que fazer e nos governe. Somos dependentes e viciados num sistema corrupto e corruptível. Somos passivos, bobos, alegres e ainda cantamos: "tô nem aí". Somos ridículos.

Thiago Mattos.

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5 Comments:

Blogger Carlos de Castro said...

Como é que fica agora a turminha que ovaciona a tropa da elite, a execução sumária, os carandirus? Não adianta enfiar no rabo dos psicopatas fardados se as ordens vieram de cima. O mesmo Beltrame que agora pede desculpas, é o mesmo que ao lado do Cabral arrotava vitória no morro do alemão e dançava em cima dos cadáveres de culpados ou inocentes. O exército vende pessoas para o tráfico e a pm mente e mata criancinhas. Os candidatos estão em plena hipócrita campanha política, o presidente no G8 vendendo cana. Resumindo: ESTAMOS FODIDOS.

12:58 PM  
Blogger Sangue de Barata said...

Você tem toda a razão: é muito simples jogar toda a culpa na PM (que obviamente tem sua generosa parcela de culpa) e assim simplificar o problema: o buraco é mais embaixo, mermão!

Quem governa essa terra aqui? Estamos nas mãos de quem? A quem estamos entregues?

Em época de campanha política, tem gente feliz igual urubu na carnica, contente com o caos pois assim tem mais discurso e demagogia e mais problemas pras "resolverem" com suas promessas infalíveis-mirabolantes.

Esse país não existe, esse estado do Rio de Janeiro está mais pra caos do que pra beleza, tá tudo uma MERDA e estamos todos tontos diante de tantas tragédias que só mudam o nome da vítima semana após semana.

Até quando vamos ficar sem fazer nada?

Condicionados, fazemos tudo no automático menos pensar. E as ordens não param: compre! respire! tenha raiva! aperte um botão!

Somos ridículos!

3:52 PM  
Anonymous Anônimo said...

Do Yahoo Notícias:

Nunca policiais fluminenses mataram tanto quanto neste ano. E se distanciaram ainda mais num ranking negativo: é a polícia que mais mata no mundo, como já mostravam dados de 2003. Um em cada cinco homicídios, como a execução do menino João Roberto, de 3 anos, no domingo, tem como autor um policial.

Entre os Estados brasileiros e países que registram dados oficiais, os 1.195 autos de resistência - quando o agente alega ter matado em confronto - de 2003 já superavam todos os casos na Europa e na América do Norte.

Em todas as divisões dos Estados Unidos, registraram-se 370 vítimas em ações policiais. Nem mesmo as forças sul-africanas, consideradas as mais violentas do mundo, chegaram perto dos colegas fluminenses no período - 681 vítimas. Só o Estado de São Paulo, com 756 registros, se aproximou. Na comparação com países europeus, havia um abismo. Duas pessoas foram mortas em confronto com a polícia francesa em 2003, mesmo número registrado no Reino Unido. Em Portugal, apenas uma pessoa morreu nesse período. Na América Latina, o líder negativo era a Argentina, mesmo assim com 288 vítimas.

No ano passado, porém, as diferenças entre paulistas e fluminenses se acentuaram. No Estado de São Paulo, houve 377 autos de resistência; no Rio, foram 1.330. Para piorar, o total de mortes em confronto registrados no Estado vizinho avançou 12% entre janeiro e abril deste ano (502 autos de resistência) em relação ao mesmo período do ano passado (449 casos). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

http://br.noticias.yahoo.com/s/09072008/25/manchetes-policia-rio-janeiro-mata-no-mundo.html

10:21 PM  
Anonymous Anônimo said...

Da Folha Online:

09/07/2008 - 19h29
Justiça manda soltar três dos 11 militares que entregaram jovens a traficantes
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LUISA BELCHIOR
Colaboração para a Folha Online, no Rio

A Justiça Federal determinou nesta quarta-feira que três dos 11 militares acusados de entregar três jovens do morro da Providência (centro do Rio) a traficantes do morro da Mineira (centro) sejam soltos. O sargento Bruno Eduardo de Fátima, o cabo Samuel de Souza Oliveira e o soldado Eduardo Pereira de Oliveira tiveram o pedido de prisão preventiva revogados pelo juiz Marcello Granado, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio.

Na sentença, Granado argumenta que os depoimentos prestados pelos militares na semana passada deixaram mais claro que os três não tiveram participação no crime. O Exército ainda não informou se os três já foram soltos. Eles e outros oito militares --que continuam a cumprir prisão preventiva-- são mantidos, desde o dia 15 de junho, no Batalhão de Polícia do Exército, no bairro da Tijuca (zona norte).

Oliveira e Bruno não estavam no morro da Providência no momento em que os três jovens foram detidos, no entendimento do juiz. Eles se juntaram ao grupo no quartel do Exército, no bairro do Santo Cristo (centro), onde faziam plantão. Já Samuel, para Granado, não teve participação na detenção dos jovens no alto do morro, apesar de ter presenciado o momento da entrega dos rapazes aos traficantes.

Os três militares que tiveram a liberdade concedida pela Justiça alegaram, durante depoimento prestado ao juiz na semana passada, que embarcaram no veículo que levou os jovens ao morro da Mineira por ordem do tenente Vinícius Ghidetti, acusado de comandar a ação. Ghidetti, que foi o primeiro a depor, disse que queria dar um susto nos jovens e pediu aos traficantes para "só dar uma surra" nos três.

Já no morro da Mineira, no momento da entrega dos jovens aos traficantes, o juiz julgou que os militares libertados ficaram "em situação na qual não lhes era razoavelmente exigível comportamento diverso". Os três alegaram que ficaram perto do veículo e não dialogaram com os traficantes na hora em que os militares entregaram os moradores do morro da Providência.

Segundo a decisão, permanecem presos Ghidetti, Leandro Maia, Rafael Cunha da Costa Sá, Sidney de Oliveira Barros, Fabiano Eloi dos Santos, Renato de Oliveira Alves, José Ricardo Rodrigues e Julio Almeida Ré.

Embora em liberdade, eles ainda respondem, com os outros oito militares, por triplo homicídio com três agravantes --motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas.

No último dia 14, Wellington Gonzaga Ferreira, 19, David Wilson da Silva, 24, e Marcos Paulo Campos, 17, foram detidos pelos 11 militares no alto do morro da Providência por desacato e entregues a traficantes do morro da Mineira (centro do Rio), ligados à facção criminosa ADA (Amigos dos Amigos), rival ao CV (Comando Vermelho), que controla o tráfico na Providência.

O Exército começou a ocupar o morro da Providência em dezembro de 2007, mas saiu no último dia 25 por ordem da Justiça, depois da morte dos jovens e de denúncias de que os militares estariam exercendo funções de Segurança Pública e abusos de poder.

Os militares levaram os jovens para o quartel do Exército próximo à Providência, mas o capitão Leandro Ferrari, que comandava o quartel no momento, ordenou que os rapazes fossem liberados. No entanto, o tenente Ghidetti, que havia levado os jovens ao quartel, desobedeceu a ordem e, com outros dez militares, entregou aos traficantes da Mineira os rapazes, que apareceram mortos no dia seguinte em um aterro sanitário. Os 11 militares foram presos no dia seguinte e, segundo a polícia, confessaram o crime.

O caso abriu uma crise sobre a presença do Exército na comunidade. A Justiça Federal determinou a retirada dos militares do morro, e o governo federal recorreu e conseguiu que a Justiça mantivesse as tropas, mas somente na rua onde as obras são feitas. No dia 24, porém, a Justiça Eleitoral determinou a paralisação das obras, alegando caráter eleitoral no projeto, e, com isso, o ministro Nelson Jobim (Defesa) anunciou que o Exército também deixaria totalmente o morro.

Traficantes do morro da Mineira suspeitos de terem matado os três jovens ainda não foram presos.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u420848.shtml

10:25 PM  
Anonymous Anônimo said...

No País, 134 mil presos poderiam estar em liberdade

Detentos de baixa periculosidade ocupam 30% do sistema carcerário; déficit de vagas é de 180 mil

(Adriana Carranca)

Dois estudos, um do Ministério da Justiça e outro da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (Direito GV), mostram um dado alarmante sobre o sistema prisional brasileiro: cerca de 80 mil presos provisórios e 54 mil condenados poderiam estar em liberdade. Isso porque os crimes que cometeram são de baixo ou médio potencial ofensivo, cometidos sem uso de violência ou grave ameaça e que poderiam aguardar em liberdade até o julgamento, no caso dos presos provisórios , ou passíveis de penas alternativas, no caso dos condenados. Eles representam mais de 30% dos 422.373 presos do País.

Um dado mais desconcertante: eles somam 134 mil detentos, enquanto o déficit nas penitenciárias é de 180 mil. Sua liberação resultaria na abertura de 75% das vagas necessárias para o sistema prisional, hoje. Uma economia de R$ 4,7 bilhões aos cofres públicos - considerando-se o custo médio de R$ 35 mil por nova vaga, segundo dado do Ministério da Justiça.

"Esses presos ocupam vagas essenciais para o sistema prisional, sem necessidade", diz Márcia de Alencar, coordenadora-geral do Programa de Fomento às Penas e Medidas Alternativas do Ministério da Justiça. Segundo ela, os números podem estar subestimados, pois não estão considerados presos provisórios que aguardam julgamento em delegacias e cadeias públicas - cerca de 60 mil. Somente Pernambuco e Rio Grande do Sul não mantêm presos provisórios em cadeias e delegacias, segundo Márcia.

CULTURA DO CÁRCERE
O maior gargalo do sistema prisional está justamente nas prisões provisórias, que somavam, em dezembro de 2007, data do levantamento do ministério, 147 mil presos, ocupando 35% do sistema prisional. Em países como Estados Unidos e Inglaterra, esse índice é de apenas 2%. Em tese, elas deveriam se limitar a 81 dias, no Brasil. Na prática, os presos chegam a aguardar condenação por até 1 ano. A melhor média estadual é de 4 meses de espera, ou seja, quase o dobro do previsto.

Por que isso ocorre? "Primeiro, pela morosidade da Justiça. Segundo, por simples falta de defesa. Um exemplo: a média de tempo de prisão provisória de um detento que tem advogado particular chega a cair pela metade em comparação com os que dependem de assistência judiciária gratuita. Terceiro, pela cultura do cárcere que existe no País", diz Márcia.

Entre os presos provisórios, ela identificou 80 mil aguardando julgamento por delitos de baixo ou médio potencial ofensivo, pelos quais deverão ser condenados com outras formas de privação de direito que não a da liberdade. "São aqueles clássicos casos do homem que furtou um pote de margarina ou cometeu crimes ambientais, de trânsito, calúnia ou difamação, estelionato, entre outros", diz Márcia. "Mas o que ocorre é que eles aguardam entre as grades até o julgamento por crimes pelos quais, se condenados, poderão receber penas alternativas e sair em liberdade. Ou seja, eles são vítimas de uma pré-condenação. É como se, independentemente do resultado final do processo, a pessoa já tivesse de ser penalizada."

AVANÇOS
No caso das condenações, pela primeira vez, em 2007, o número de penas alternativas aplicadas (422.522) foi equivalente às sentenças de prisão (422.373), segundo o Ministério da Justiça. É um marco histórico. Mas pelo menos 25% das condenações, segundo outro levantamento, da Direito GV, ainda poderiam ser substituídas por penas alternativas. São presos condenados a até 4 anos de prisão. "Penas dentro desse limite são aplicadas por crimes sem uso de violência ou grave ameaça. Ou seja, ainda estamos condenando à prisão pessoas que não representam perigo à sociedade", constata a professora e pesquisadora Maíra Rocha Machado, da Direito GV. "São penas que poderiam ser substituída por outras, que não a privação da liberdade."

A defesa de penas alternativas em lugar da privação de liberdade baseia-se em números que deflagram a falta de eficiência do sistema prisional em recuperar os presos. A taxa de reincidência de condenados à prisão varia entre 70% e 85% nas penitenciárias do País. Entre os que cumprem penas alternativas, o índice cai para 2% a 12% de reincidência. "Isso porque, na maioria das vezes, essas são pessoas que cometeram crimes acidentais ou residuais. Quanto menos tempo ficarem presos, menos contaminados serão pelo sistema penitenciário."

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080705/not_imp200902,0.php

8:50 AM  

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