terça-feira, maio 01, 2007

"O que eu quero é sossego"

"O trabalho enobrece o homem
para o qual trabalhamos"

(Moduan Matus)
Um trabalho pode ser de faculdade, físico, intelectual, lucrativo, enfadonho, temporário, escravo, digno, dispendioso e de muitos outros tipos, mas é quase sempre trabalhoso. Muitas são as definições para as atividades realizadas ao longo dos séculos pelos homens, suas motivações e transformações no tempo.

Podemos trabalhar rebecendo de forma assalariada, ou apenas pela experiência, como fazem estagiários, que muitas vezes ainda têm que pagar por isso. Podemos ralar todos os dias no calor, como os vendedores de sorvete na praia que vendem o almoço para comprar a janta; ou ganhar a vida como a maioria dos parlamentares brasileiros, que desperdiçam o dinheiro público e só trabalham três dias na semana, quando o fazem.

Poucos gostam de trabalhar, é fato. Na maioria das vezes, as pessoas o fazem apenas por questão de conveniência, precisam ganhar dinheiro para sobreviver ou manter seus pequenos luxos. Além disso, a maioria das pessoas não gosta do trabalho que tem. São exploradas e produzem algo fora de seu contexto para o ganho de uma outra pessoa e sua irrisória remuneração não paga a chatice daquela tarefa.

Penso nas moças que vendem cartões de celular pré-pago no metrô repetindo mil vezes o nome das operadoras e nos camelôs da Uruguaiana ao mesmo tempo em que penso nos empresários e doutores do nosso país. Tirem-lhes os salários e considerem apenas suas atividades, quantos deles se diriam felizes e satisfeitos no que fazem?

Ok, digamos que os camelôs não precisassem fugir ou apanhar da polícia e que os empresários ou políticos pudessem ser presos se pisassem na bola. Nessas condições, numa gama de milhares de profissões do Brasil, quantos ainda estariam satisfeitos com a sua?

É preciso
encarar e compreender nosso passado escravista para percebermos que pouco difere do nosso presente. Assim ficaria mais fácil refletirmos sobre o que é preciso para não haver mais escravos modernos num futuro próximo. E quem sabe, enfim, a palavra trabalho possa ter um significado mais agradável.

Thiago Mattos.

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6 Comments:

Blogger Zaira Brilhante said...

Enquanto isso, uns "protestam" ao som de zeca pagodinho, e outros nem se lembram a real razao do feriado de hj... nem sequer param pra refletir...

enquanto isso, vamos levando... "trabalhando de graca" nessa promocao de ideias e "sendo pagos" pra mantermos o mundo girando...

11:44 PM  
Blogger Seu Cuca said...

Hey,

acho improvável que os camelôs lá curtam a porradaria que rola vez ou outra na Uruguaiana, mas também acho exagero pensar que ninguém goste de seu trabalho por aqui!

Um abraço.

8:26 AM  
Anonymous Anônimo said...

Já leu "O ócio criativo", de Domenico de Masi???

6:09 PM  
Blogger Hugo Mendes Guimarães said...

Thiagaoooo
realizar-se profissionalmente nada tem a ver com ganhar bastante dinheiro.
mas ,com certeza, as meninas dos cartos pre pagos, nao devem estar realizadas profissionalmente,ate por q, aquilo nao é profissao,é exploracao.

seria menos doloroso se pudessem colocar uma maquina de cartoes pre pagos no centro do RJ com uma gravacao...rs
"cartao TIM, OI,CLARO..."
:P

mas e tu? ta realizado com sua profissao?
abracao

11:19 AM  
Anonymous Anônimo said...

É verdade cara...
Uma coisa é trabalhar com o que vc gosta, coisa difícil porém possível, outra coisa é ganhar bastante dinheiro (são coisas que em mtos casos nao combinam - vide os jornalistas por exemplo)... não precisa fazer o q gosta pra isso...


Quando vc escolhe uma profissão baseado na sua vocação, independente do retorno financeiro, principalmente se o retorno financeiro e sua profissão ñ combinam mto, fica mais complicado vc se realizar financeiramente de maneira imediata, leva mais tempo. Agora, qdo se trabalha mais pelo retorno financeiro do que por qq outra coisa, aí a gente ganha dinheiro fácil. Nada contra nenhuma profissão mas o tráfico, os corretores da bolsa, os advogados e outras áreas se dão melhor na hora de receber o contracheque mas nem sempre são satisfeitos por isso, né não?

9:01 PM  
Blogger Wallace said...

Concordo, todos os lugares que trabalhei "apenas pela grana" acabei não ficando muito tempo (falta de motivação para aguentar políticas da corporação, vestir a camisa da instituição, etc). Por outro lado, o famoso "pé de meia" é necessário a partir de uma certa idade, a fim de garantir uma velhice digna.
Enfim, equilibrar as duas coisas (vocação e financeiro) é difícil, mas cada um de nós acaba encontrando seu caminho (constituindo família, se dedicando ao trabalho integralmente, etc). Não existe caminho único.

12:36 AM  

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