sexta-feira, março 30, 2007

Sangue de Barata x Poesia & Cia. (parte um)

"Cada poema é uma garrafa de náugrafo jogada às águas...
Quem a encontrar, salva-se a si mesmo"

"Quem faz um poema salva um afogado"
Mário Quintana

Março foi o mês de aniversário do blog mais sanguíneo da rede. Passou-se um ano desde que finalmente brotou uma continuidade internética (por assim dizer) da vontade de pôr o dedo na ferida do mundo; o que outrora se manifestava num fanzine do qual eu fazia parte na transição dos milênios, o Poesia&Cia.


Através dele, um grupo de jovens organizava mensalmente sua concepção de um mundo melhor inspirado na poesia e em todas as manifestações artísticas que lhe fizessem companhia. O fanzine durou três anos, mas o que ele transformou em nossas vidas dura até hoje.

Durante esses anos, descobrimos poetas fora e dentro de nós e, da mesma forma, descobrimos o mundo. Construímos nossa visão particular da realidade, fizemos amizades duradouras, encaramos de frente nossa própria ignorância e, penso, aprendemos a ser gente.

De lá pra cá, pouco no mundo mudou – não fosse a Internet e seus efeitos. Não mudaram os governantes, nem os heróis, nem os inimigos. Vivemos hoje num tempo tão absurdo – e tão absurdamente longe – quanto aquele de uns dez anos atrás, onde não existiam palavras como blog ou download.

Como tudo na distância da memória fica mais doce: bons tempos aqueles. Quem compartilhou, lembra. Um tempo em que achávamos que poderíamos salvar o mundo com caneta e papel na mão. Agora sabemos que precisamos de, no mínimo, um teclado e um mouse. Ah, e é claro, da Internet.

Thiago Mattos.

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5 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Não quero morrer não quero
apodrecer no poema
que o cadáver de minhas tardes
não venha feder em tua manhã feliz
e o lume
que tua boca acenda acaso das palavras
- ainda que nascido da morte -
some-se aos outros fogos do dia
aos barulhos da casa e da avenida
no presente veloz

Nada que se pareça
a pássaro empalhado, múmia
de flor
dentro do livro
e o que da noite volte
volte em chamas
ou em chaga

vertiginosamente como o jasmim
que num lampejo só
ilumina a cidade inteira
(Ferreira Gullar)

O poesia e Cia ainda está bem presente em nossas vidas, é o que somos hoje. Muito bem dito, Thiago.

8:15 PM  
Anonymous Anônimo said...

Vamos relembrar aqueles tempos com poesias.
Lembro de uma de um tal de Leon Sake, que era mais ou menos assim:

Se as árvores
controlam a poluição
Acho que vou pôr uma
Dentro da mina televisão


PS: Pixo, sabe o e-mail do Daniel Cedrak?

8:37 PM  
Blogger Wallace said...

Caro Tico, como colaborador de uma fase do P&C, vale lembrar uma frase que lí há tempos:
"Os poetas são publicitários de nosoos sentidos"
Vamos fazer um bolo sobre esse fanzine? E a versão digital onde anda?

9:52 AM  
Anonymous Anônimo said...

Wallace, poeta e designer, cuja ajuda veio num momento crucial pro zine...
Temos que fazer um bolo agora pro Sangue de Barata e acendar uma vela pro Poesia&Cia. que, dizem, está congelado.

11:08 AM  
Anonymous Anônimo said...

Tô dentro do bolo. Pode contar comigo.

Obs.: Thiago, o e-mail do Daniel é: danielceev@ig.com.br

Valeu!

3:24 PM  

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