domingo, março 18, 2007

Educação brasileira

Foi-se o tempo de nos assustarmos com a queda de algum ministro. Esse cargo, outrora tão distinto, parece estar amaldiçoado por quem o deseja ocupar. Hoje em dia, os ministros estão caindo tão depressa que nem esperam tomar posse; vide o caso Balbinotti.

A política brasileira – ô assunto! – não tem sabido se reinventar. Raymundo Faoro, ao analisar a história política brasileira, teve a grande sacada de que todo esse descaso com o patrimônio público, grosso modo, explica-se pelo fato de confundirmos o público com o privado desde a coroa portuguesa, de nos apoderamos do que é público e o tratamos como se fosse privado, daí o nome do seu livro: Os Donos do Poder.

Fica fácil assim entender quando o presidente Lula fala que em educação estamos entre os piores do mundo. Nem precisamos de pesquisa na área para concluir o que percebemos assistindo a uma reunião de congressistas na Câmara ou no Senado, que sabem perfeitamente conjugar o verbo e acertar na concordância mandando o nobre colega para aquele lugar, mas não têm o mínimo de educação quando pensamos em civilidade, ética e respeito.

É Vossa Excelência pra lá, Vossa Excelência pra cá – um bando de mal-educados perigosos em potencial. O Ministério Público investiga um em cada oito deputados federais que podem ser cassados por crimes como caixa dois, compra de votos, uso da máquina pública, evasão fiscal etc. Mais de 12% da nova legislatura já nasceu podre e até o final dela muitas maçãs do mesmo cesto se estragarão.

A bela educação intelectual contrasta com pouca vergonha e nenhuma cortesia. Ali no Congresso Nacional todos falam ao mesmo tempo, um põe o dedo na cara do outro e vez por outra saem até no tapa. Falta o mínimo de decoro, da educação que não se aprende na escola.

E se nossas elites ridículas não tem exemplo algum para dar, que ao menos fiquem caladas. Pois quando um burro fala, o outro abaixa a orelha.

Thiago Mattos.

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5 Comments:

Blogger Wallace said...

Quando se descobre que para ser Presidente não precisa ter estudo (Lula confirmou na prática, e Bush certa vez afirmou isso) mas para ser presidente do Banco Central sim, fica a pergunta: porque só os políticos não precisam estudar para exercer sua função?

1:04 AM  
Blogger Sangue de Barata said...

acho, particularmente q a questao nao é exatamente essa. não é q nao precisa estudar, os políticos eleitos acabam se apropriando de um conhecimento técnico que os diferencia de um cidadão comum. E a política nao pode, na teoria, ser excludente; tem q estar aberta a todos.

Nao vejo problema algum em Lula nao ter estudado (acho inclusive q esse velho discurso já deu) porque isso deixaria os mais pobres engessados lá na base da pirâmide pra sempre. digo isso porque algumas vezes a política serve como instrumento de ascensão social (nao estou discutindo se isso é certo ou nao).

Outra discussao válida é a respeito da profissão de jornalista, que de uns tempos pra cá, no brasil, tem exigido diploma num curso de jornalismo, coisa q nao havia tb.
Será que apenas os jornalistas podem escrever, ninguém mais seria qualificado pra isso?

No texto, quis apenas chamar a atenção para os dois tipos de educação: a que associamos à instrução e a que se refere aos chamados "bons modos".

O que vcs acham?

8:12 AM  
Anonymous Anônimo said...

Pois é ,Sangue de Barata,a questão de educação envolve outras coisas que são além do simples conhecimento técnico.Nossa educação ,a base ,não visa apenas este aspecto,mas sabemos que nem todos têm acesso ,isto é ,a maioria,enquanto que a minoria possui ,e desta minoria uma pequena parte ,sabe usa-la de modo pleno ou seja não apenas de modo técnico para seus fins pessoais.Como acabei de ler no segundo comentário do Sangue de Barata no qual fala:"... algumas vezes a política serve como instrumento de ascenção social",acho que esta frase deveria ser corrigida como:"na maioria dos casos a política é usada como instrumento de ascensão social",ato que acho errado uma vez que com um pouco de bem senso ,BOA EDUCAÇÂo,e autruísmo(não sei se é com "l",faltou educação nesta parte),nenhum político deveria cometer tal ato,e sim ao invés de uma ascensão social fazer pelo social,e a educação é um pilar importante neste caso e em vários outros.

Carlão Boladão

10:56 AM  
Anonymous Anônimo said...

Bom, não conheço esse Raymundo Faoro mas sempre achei que essa confusão entre público e privado é um dos grandes problemas do Brasil.

Só pra não perder o hábito, vou discordar. Nesse caso só em 2 pontos: Primeiro não acho que os deputados saibam conjugar direito os verbos e façam as concordâncias certas... Outra coisa, não acho que a única funçaõ da escola seja dar conhecimento técnico. Acho que coisas como ética e respeito ao próximo devem ser ensinada ainda que não haja uma matéria específica para isso. Mas aí entra outro problema, o de que esses conceitos deveriam ser ensinados nos primeiros anos da educação, onde os professores são ainda menos valorizados.

11:34 AM  
Blogger Sangue de Barata said...

Meu caro, nao disse q essas "matérias", digamos éticas, nao devam ser ensinadas na escola, em algumas são inclusive. Disse q não são, e não são mesmo, salvo exceções.

O ponto é: existem 2 educações que muitas vezes se contrapõe. Todos os congressistas são bem instruidos? Não. Um número razoável que vive falando palavras difíceis que um simples eleitor nao entende xongas. Pretende-se um educaçao que constrata com os baixarias do Congresso, com os escândalos e com as tantas investigações q um número considerável de parlamentares sofre.

Educação técnica não garante educação humana e vice-versa.

12:56 PM  

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