quarta-feira, julho 30, 2008

Tá tudo dominado!

O número é bem sugestivo. De acordo com um relatório confidencial da Subsecretaria de Inteligência (SSI) da Secretaria de Segurança do Rio, as milícias - quadrilhas chefiadas por policiais que dominam comunidades pobres, cobrando por "segurança", atualmente intimidando eleitores e candidatos - já estão em 171 localidades de dez cidades fluminenses, incluindo a capital. 171!

De acordo com O Estado de S. Paulo, o documento, enviado à CPI das Milícias da Assembléia, identifica 521 pessoas supostamente envolvidas, entre elas deputados, vereadores, policiais civis (18) e militares (156), integrantes do Corpo de Bombeiros (11), agentes penitenciários (3) e membros das Forças Armadas (3). Os demais são todos civis, entre os quais alguns ex-policiais.


A presença das milícias espalha-se por Magé, Duque de Caxias, São João de Meriti, Belfort Roxo e Mesquita (Baixada Fluminense); Niterói e São Gonçalo (Região Metropolitana); Cabo Frio e Macaé (Região dos Lagos); e principalmente na capital (125 comunidades) - zonal norte e zona oeste.

Na zona oeste, estão em 94 bairros ou localidades (68,12%). Nessa região está a favela de Rio das Pedras - um dos primeiros locais a surgir milícias - e onde atua a chamada Liga da Justiça, grupo supostamente chefiado pelo deputado estadual Natalino José Guimarães (DEM) e seu irmão, o vereador Jerônimo Guimarães Filho (PMDB), o Jerominho.


Na zona norte, a milícia ocupou 31 locais (22,46%), e, curiosamente, um dos locais de maior expressão fica na região de Rocha Miranda, perto do 9º Batalhão da Polícia Militar.

É de se notar que uma parcela considerável de moradores apóiam as milícias. Eles realmente acreditam que suas favelas são melhores pois "não tem tráfico ou roubos" e "ninguém pisa na bola". Essas pessoas pagam a um Estado Paralelo por um serviço que depois de acordado não se pode mais reclamar. Cria-se um circulo vicioso e assim as milícias se espalham, usando o mesmo mecanismo que o tráfico, corrompendo e vendendo algo que não lhes pertence.

A lógica por trás das milícias merece ser discutida e entendida, não glamourizada na novela das oito. Alguém lembra de Juvenal Antena e da Portelinha? Pois é, aquilo não era a realidade! Favela customizada no Projac com os pobrezinhos bem vestidos, belos e malhados não dá para engolir.

Não adianta romantizar a pobreza ou enfeitar a violência. O problema é muito mais sério e o buraco é bem mais embaixo!


Thiago Mattos.

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