"Pede pra sair! Pede pra sair!"
Barack Obama é o primeiro negro com chances reais de se tornar um presidente dos EUA.
Apesar da teimosia de Hillary Clinton – que insiste em não deixar a disputa pela indicação do Partido Democrata, mesmo quando tudo lhe diz o contrário – o senador de Illinois deve ser o candidato escolhido para representar o partido nas eleições de Novembro.
Para alcançar a nomeação democrata, seria necessário conquistar 2.025 delegados. Como nenhum dos candidatos conseguirá atingir tal número até Agosto (mês da convenção do partido em Denver), serão os superdelegados quem decidirão a nomeação. Eles são as figuras de mais destaque no partido (membros do Congresso, governadores, líderes de relevo) e as recentes contagens já indicam a liderança de Obama, ajudado pelas deserções no lado de Hillary.
Certamente não deve ser fácil para a senadora de Nova York simplesmente desistir – ela tirou de seu próprio bolso uma quantia de 11 milhões de dólares para financiar sua campanha. De pouco adiantou também ter Bill Clinton ao seu lado; ao contrário, pode tê-la atrapalhado.
Já Barack Obama tem se mostrado dono de uma singela desenvoltura política, superando episódios como o fogo-amigo disparado pelo pastor Jeremiah Wright (que reacendeu a chama da discórdia racial e quase minou as chances do pré-candidato) e saindo ileso das diversas vezes em que emissoras de TV “confundiram” seu nome, trocando “Obama” por “Osama”.
Se eleito, Obama pode significar para os EUA algo similar ao que JFK representou na década de 60 – seja no frescor da novidade, seja no inegável carisma de líder, seja na esperança vinda do povo.
Mas ainda há uma longa estrada pela frente. Correndo tudo como o esperado, seu próximo desafio será o confronto com John McCain, que vem tirando proveito em sua posição de candidato já escolhido pelo Partido Republicano, enquanto os pré-candidatos democratas perdem tempo digladiando e enfraquecendo o partido.
Certamente uma das perguntas que mais convém é por que Hillary não desiste. Inegavelmente, talvez fosse mesmo hora para os EUA terem uma mulher no poder. Mas, ao que tudo indica, não “essa” mulher. Hillary não convenceu, e sairá da disputa deixando uma má impressão da sua personalidade - já devia ter pedido pra sair.
Da mesma forma, há menos de 5 décadas atrás, negros não podiam votar no sul dos EUA. Hoje, apesar das (ainda) enormes diferenças, pela primeira vez na história um negro pode fazer a diferença e ajudar a unir os desunidos Estados Unidos. E fica a pergunta que também convém: por que não Barack Obama?
Thiago Mattos.
Marcadores: eleições, estados unidos
10 Comments:
13 de Maio é a data em que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea (120 anos atrás). Mas a escravidão no Brasil não foi abolida de fato nesta data.
Apesar das respectivas diferenças entre as realidades, temos - assim como os EUA - um problema ainda muito grande com a questão racial.
Penso, que seria até mais fácil uma mulher ser eleita aqui antes que um negro.
De qualquer forma, vale a pena ficarmos ligados no que vai acontecer lá em cima no norte da América em 4 de Novembro - certamente irá nso afetar.
Opa!
Justamente por nos afetar, eu voto McCain.
Ele vai manter subsídios ao álcool de milho e a máquina de guerra americana - o que vai nos dar tempo e estabilidade conjuntural para continuar crescendo.
Ele não vai ser paciente com índios gordinhos nem com as FARC, o que significa que ainda vamos ser uma das melhores opções de parceria para ele na América Latina.
O Obama não tem o apoio de velhos, veteranos de guerra e a galera negra old-school dos EUA - isso tende a desunir o país, SE CONSEGUIR SE ELEGER DESSE JEITO.
Com o país desunido e maior gasto da máquina pública (ele quer criar um SUS pelo jeito), os EUA podem entrar em uma descendente ainda maior - o que não seria bom para o Brasil se acontecesse rapidamente.
O dólar muito baixo nos prejudicaria! Se o etanol de milho for abandonado por lá agora, eles ainda terão tempo de desenvolver a própria tecnologia e se tornarem competitivos!!!
Por uma agonia lenta e prolongada, possivelmente lucrativa para o Brasil: vote republicano! Vote McCain!
Bem, esse racicínio (que nao sei se entendi) é interessante e bem curioso.
Quer dizer que para irmos bem como país temos que apoiar um governo conservador nos EUA, que permitirá a continuação de uma guerra que mata muita gente?
Pra sermos uma boa opção de diálogo é necessário que todas as outras opções sejam ruins para assim nos destacarmos?
A população mais pobre deve ser sacrificada em detrimento de "gastos na máquina pública"?
Temos que torcer para a desgraça alheia para estarmos bem? É isso?
Nao sei nem se entendi, mas todo mundo tem q se f*der para que alguns tenham vantagem?
Sinceramente, acho que não entendi a profundidade do argumento - ou talvez seja melhor nem entender.
Caraca brother... Sou totalmente a favor de debates sobre tudo, porque isso realmente faz com que possamos nos colocar do outro lado e entender o que faz aquela pessoa ter a opinião contrária... Mas que é foda é. É só olharmos pra trás e ver tudo o que os americanos fizeram com nosso país, apoiando ditadura e destruindo nossa democracia... Enfim, cada um tem seu ponto de vista, mas realmente acho que o Obama talvez sirva de antídoto para alguns males daquele país, não muitos, mas alguns.
Muito bom seu blog. Parabéns!
Vou te adicionar nos meus links.
Abraço!
Cara,
só para não deixar sem resposta - sim, acho mesmo que devemos apoiar uma opção que vai f*der os EUA, por ser justamente o perfil retrógrado que eles apoiaram até hoje.
Não somos apenas nós que vamos nos dar bem.
Os americanos vão se afundar cada vez mais no Iraque, enquanto o pessoal do Oriente Médio (com E sem petróleo), que sofreu com todas as manipulações e ditadores fabricados pela sua tchurma, cresce, entra na moda e papa cada vez mais grana no globo. Já viu as últimas dos Emirados Árabes Unidos? Dubai?
Cada vez mais empregos em tecnologia vão migrar de lá para a Índia, e da Índia para outros cantos.
Numa situação dessas a China vai abrir a bocarra e consumir muito de muita gente (mesmo falsificando tudo por alguns anos, até o governo achar que isso rareia impostos).
Não sei, acho que é natural pensar que o churrasco do Mr. Sam vai ficar mais magro. Tinha que ficar um dia. Que a Índia ou a China vão por a bandeirinha deles na Lua também. Que Bollywood pode ganhar um Oscar (ou um Boscar!).
E que os yankees merecem mesmo conhecer como era doce a vida baseada em tickets de leite e senha para comprar carne! Calma, negaram empréstimo chinês para o Citibank, deixa seguirem o rumo que eles chegam lá!
O neoliberalismo parece cada vez mais divertido. Só vai faltar a Blitz e os Titãs pra fechar a vibe anos 80.
Porque o Michael Jackson, como você sabe, já foi pra Dubai >:-)
É tão gozado...Todos odeiam os EUA, mas na hora que surge um Khomeini, um Hitler, apelam prá quem? Prá China?
Bom...
a) Os EUA geralmente trocam um ditador por outro pior;
b) Se é interesse do oprimido pedir ajuda, é interesse dos EUA parecerem a "polícia do mundo";
c) Eu não tenho nada contra os EUA. Nem a favor. Eu me esforço para compreender as conjunturas para, se possível, me beneficiar delas.
Naturalmente, se uma há uma possibilidade do Brasil ir bem também, minhas chances de ganho aumentam.
Desculpe, foi exatamente o que quis dizer com minha colocação anterior: torço pro McCain porque não estou nem aí se quem manda no globo é Bagdá, Pequim ou Washington.
Tudo é transitório, até nós. O melhor é garantir o butim, venha de onde vier.
E a minha pergunta (que não tem a intenção de ofender) é: putz, e a Doutrina Monroe? As guerras e manipulações? O MUNDO TODO não parecia odiar os EUA há vinte dias atrás? Porque se preocupar em eleger um presidente melhor para eles?
Deixa eu tentar ajeitar o meio de campo de campo por aqui.
No meu modo de ver as coisas, já que estamos neste mundo temos que nos interessar pelas coisas que acontecem nele, elas acabam nos atingindo, mesmo que ocorrendo num país bem distante. Afinal de contas, como sermos indiferentes quando esta ligação é cada vez mais curta e as distâncias são cada vez menores.
Desta forma, também não concordo que o melhor é garantir o nosso e f*da-se o resto. Não é por aí, irmão! Essa "lei de Gerson", esse "cada um por si e Deus contra todos", a História já provou que essas idéias que surgem assim ingênuas não acabam bem. Então é bom ter cuidado.
É bom também deixar claro que o governo dos EUA não é os EUA. E, como em todo lugar, por lá tem coisas muito ruins e muito boas. Sem querer entrar no mérito, e até pelo mesmo motivo, acho babaquice esses fascistas do "Fora USA". Pra mim eles são tão idiotas quanto podem ser. Gritam pra quem não os ouve , de um jeito esdrúluxo e com um discurso totalmente vazio e reproduzinho ainda mais violência no modo de imposição. Ou seja, tornam-se aquilo contra o qual estão lutando.
Mas não era disso que queria falar. Todos apelam pros EUA por força de uma imposição de lá também. Quem sabe quantos porcentos de sua economia eles "dedicam" a máquina de guerra, as armas, ao treinamento e a propaganda militar?
Do mesmo modo, pra deixar mais que claro, os EUA (como governo e como máquina ideológica) não são melhores que a China ou nenhum outro país árabe, provavelmente o contrário, eles fazem muita sacanagem em nome de coisas que não são. Eles vendem um produto abstrato chamado "democracia" que concorrem com outros produtos abstratos também difícies de avaliar.
Se o McCain ganha, irmão, eles vão continuar fazendo essa política tão velha e ultrapassada e conservadora quanto ele, exportando a "democracia" ao custo que for necessário, e não me sinto bem com minha consciência tranquila sabendo que as coisas iriam de mal a pior pra uma meia dúzia se dar bem.
Na verdade, nem a vitória de Obama garantiria também o contrário. É só uma aposta.
Pelo jeito, eu não fui o único a comparar Obama com JFK. Segue abaixo reportagem do El País deste Domingo 25/Maio:
Clinton tropieza con el recuerdo de Bobby Kennedy
La senadora Hillary Clinton mencionó lo inmencionable en esta campaña electoral. El viernes, en un encuentro con periodistas en Sioux Falls (Dakota del Sur), la candidata demócrata tocó un aspecto sensible y casi impronunciable: la seguridad del senador Barack Obama. Clinton trataba de defender su continuidad en la carrera electoral -a pesar de las voces que le recomiendan retirarse ante la mayoría matemática que ya posee su rival Obama- cuando puso un ejemplo poco afortunado. "Mi marido no logró la nominación en 1992 hasta que ganó las primarias de California hacia mediados de junio, ¿no es así?". Y, lamentablemente, Clinton prosiguió: "Todos recordamos que Bobby Kennedy fue asesinado en junio en California", apuntó, desechando la idea de retirarse.
El comentario tocó muchas sensibilidades y las reacciones no se hicieron esperar. Desde el equipo de Obama, su portavoz, Bill Burton, expresaba: "La declaración de la senadora Clinton fue desafortunada y no tiene cabida en esta campaña". En la mente de casi todo el mundo está el hecho de que el que podría convertirse en el primer presidente negro de Estados Unidos vive bajo la protección del servicio secreto desde el inicio de su campaña en un país en el que el racismo sigue estando presente.
Al aspecto racial, se suma en el caso de Obama que sus detractores intentan magnificar su infancia en Indonesia retratando al candidato como un musulmán radical que busca la destrucción de América. Estos grupos radicales distorsionan cada vez que pueden el nombre del senador y lo convierten en Osama, nombre del hombre más buscado por EE UU como responsable del 11-S: Osama bin Laden. Sin duda, los partidarios de Obama tienen en mente que el senador por Illinois pudiera acabar asesinado como Bobby Kennedy o Martin Luther King.
Clinton pidió enseguida disculpas por tan desafortunado comentario. "Lamento si mi referencia a ese momento traumático para toda nuestra nación y en particular para la familia Kennedy fue de alguna forma ofensiva. Naturalmente no tenía esa intención en absoluto", señaló la exprimera dama. Mo Elleithee, portavoz de la senadora, dijo que Clinton sólo quería referirse al hecho de que tanto su marido como Kennedy representaron "ejemplos históricos de que el proceso de nominación se prolonga hasta el verano".
No era la primera vez que Clinton se refería al asesinato de Bobby Kennedy cuando lo hizo el viernes. En marzo, la senadora dijo a la revista Time: "Otras primarias han sido más largas. Todos recordamos la tragedia de Bobby Kennedy cuando fue asesinado en Los Ángeles".
Fonte: http://www.elpais.com/articulo/internacional/Clinton/tropieza/recuerdo/Bobby/Kennedy/elpepiint/20080525elpepiint_5/Tes
Thiago, essa charge é muito boa!!! Gostei da convergência... :)
Até!
Syl.
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