segunda-feira, agosto 17, 2009

Nossa comédia é uma piada... completamente sem graça!

Conhecida pelas listas que cria, a revista Forbes divulgou recentemente os nomes dos dez comediantes que mais ganharam dinheiro no período de um ano (2008-2009). Embora a maioria deles ainda seja desconhecida do público brasileiro, Jerry Seinfeld e Chris Rock encabeçam as primeiras posições.

Seinfeld fez muito sucesso com um programa de TV homônimo, exibido de 1989 a 1998, e até hoje colhe os frutos de seu sucesso. Ele é o número um da lista, com 85 milhões de dólares. Pelo jeito, propagandas para a Microsoft e shows de stand-up ainda lhe pagam muito bem.


No segundo lugar, Chris Rock embolsou 42 milhões de dólares. Inicialmente conhecido no sitcom Todo Mundo Odeia o Chris (Everybody Hates Chris), ele é um dos humoristas que mais têm atraído atenção. Além de ter lançado recentemente pela HBO um novo programa de comédia chamado Kill The Messenger, o comediante também ganha dinheiro com filmes, livros, dublagens, etc.

Aqui no Brasil, para ser comediante e bem pago ao mesmo tempo - e na mesma frase - ainda soa engraçado. Naturalmente alguns desfrutam de certa fama, principalmente na TV, mas, no geral, o humor brasileiro atualmente tem caminhado mais para a tragédia.

Se não contarmos os que não estão mais no ar - seja por morte ou aposentadoria - quais os grandes nomes do humor nacional que sobram? Chico Anysio estava congelado até pouco tempo, Ari Toledo sumiu, Bussunda morreu, Costinha também, sem falar de Oscarito, Grande Otelo e Mazzaropi.

A maioria dos programas de humor assistidos no Brasil são uma piada... completamente sem graça! Zorra Toral, A Turma do Didi, A Praça É Nossa, Pânico na TV, Toma Lá Dá Cá, é difícil nomear o pior de todos.

Talvez o "politicamente correto" tenha tornado as coisas mais complicadas, mas hoje em dia facilmente confundem ser engraçado com ser preconceituoso. E é bom lembrar que é possível sim sacanear homens, mulheres, brancos, negros, gays, judeus, asiáticos, e quem mais for preciso sem ter preconceito. Há uma linha sutil entre o que é realmente engraçado sem precisar ser ofensivo ou racista. Só que ainda não dominamos isso.

É uma linguagem que, se combinada à irreverência brasileira, pode fazer muito sucesso. Vejam, o Chris Rock critica os negros com uma propriedade singular e sem preconceitos. Não que você tenha que ser judeu para fazer piada de judeu ou gay para imitar uma bicha louca, mas esses exemplos nos dão uma dica preciosa. Dizendo que é impossível alguém encontrar sua alma gêmea, o comediante conclui: "Mesmo que aconteça, não será no tempo certo. Você é casada, ele é solteiro... Você é judia, ele é palestino..." E dispara: "Você é negra, ele é negro... Há sempre um obstáculo no caminho!".

Não quero explicar a piada a ninguém, mas espera aí! Não há nada de preconceituoso em dizer que algumas vezes os negros acabam evitando outros negros, pelo contrário, é muito engraçado dizer isso desta forma. Não há ofensa alguma aqui, apenas uma observação contundente de uma sociedade onde a ideologia da discriminação contagia até mesmo a quem é discriminado. O conteúdo da crítica é enorme é há uma baita sutileza na forma de dizer isso.

Mas ainda temos muito a aprender, principalmente que não há mais nada de engraçado em continuar dando tanta audiência a programas que só continuam porque ainda há quem os assista.

Thiago Mattos.

Colagem: Carlos de Castro





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3 Comments:

Blogger BLOGSLP said...

Não são só os programas de humor.
Novelas também são muito bobinhas. Sempre as mesmas histórias, sempre tem casamento no final... Grande perda de tempo.
Abs,
LP

9:18 AM  
Blogger Bruno said...

Concordo em gênero, número e grau que a falta de graça provém do tal politicamente correto. Inclusive, acho que a mais saudável forma de se aceitar é rir de si mesmo, às vezes. Dentro os humoristas tupiniquins atuais gosto do pessoal do CQC.

Sobre o Zorra Total, meu único comentário é que faz sucesso. Portanto, cada um tem os humoristas que merece...
Abraço,
Bruno

11:38 AM  
Blogger Sangue de Barata said...

É bem por aqui, esses programas sobrevivem porque ainda tenha quem os assista.

O CQC tem umas tiradas legais, mas volta e meio cai nas besteiras também.

A coisa do politicamente correto veio porque havia uma necessidade mas agora tem que haver um ajuste. Como já disse, acho que é possível ser engraçado sem ser racista ou preconceituoso. A coisa é ter conteúdo. E rir de si mesmo é sempre saudável, quanto a depreciar a si mesmo, sei não.

11:44 AM  

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