terça-feira, julho 14, 2009

Liberté, Égalité, Fraternité

O dia 14 de Julho é comemorado na França como um dos mais importantes feriados nacionais, celebrando a queda da Bastilha (prisão símbolo do absolutismo da época) em 1789. A data marcou o início da Revolução Francesa e trouxe os ideiais da nova nação que ali surgia: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Hoje quem visita Paris a procura da famosa prisão encontra uma estação de metrô batizada com o mesmo nome e uma praça com um monumento em forma de um enorme pilar com um anjo dourado no topo. E só.

É certo que por onde se ande em Paris, respira-se história, mas a pergunta é inevitável: o quanto da Revolução Francesa, de tudo o que ela representou, realmente vingou?

O quanto da liberdade, da igualdade e da fraternidade ainda há na França de hoje?


O desfile militar no Champs Elysée, os fogos de artifício, as crianças plantando uma árvore e os amigos se reunindo para comer e celebrar, tudo isso é feito para relembrar a todos a importância da Revolução e das lutas para a formação da identidade nacional tal qual ela é hoje, mas o que ficou disso tudo quando olhamos para a realidade em que hoje se encontra o país?

A identidade francesa hoje está em conflito, os problemas já são outros. Um bom filme lançado recentemente aborda a questão das diferenças étnicas, culturais e sociais que hoje vive o país. Entre Les Murs (Entre os Muros da Escola, em português) vale a pena ser visto.

A colcha de retalhos que atualmente é a França compõe-se de uma diversidade de povos e cultura muitas vezes em choque e num impasse. De qualquer forma, o país é um laboratório social vivo, fascinante e cheio de história. Seja lá o que ficou da Revolução, embora o que se veja hoje pareça ainda distante, vale a pena lembrar do significado do sonho de homens livres, iguais e fraternos.

Thiago Mattos.

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8 Comments:

Anonymous Manuel Marie said...

Je ne pense pas que la France soit dans une impasse à cause de sa mixité culturelle, bien au contraire. Les problèmes auxquels sont confrontés les jeunes des banlieues ont pour origine principale un accès inégalitaire à l'éducation. Mais les initiatives prises notamment par une institution d'élite comme Sciences Po à Paris sont un bel exemple de tentative pour endiguer cette injustice.

3:31 PM  
Blogger Sangue de Barata said...

Traduzindo o comentário acima do Manuel:

"Eu não acho que a França esteja num impasse por causa de sua mistura cultural, muito pelo contrário. Os problemas encontrados pelos jovens dos subúrbios tem por origem principal o acesso desigual à educação. Mas as iniciativas tomadas notadamente por uma instituição de elite como a Sciences Po (Universidade de Ciências Políticas) em Paris são um belo exemplo da tentativa de lutar contra esta injustiça."

11:44 PM  
Blogger Sangue de Barata said...

A questão abordada acima pelo Manuel é muito interessante, ele fala de um sistema que tem causado um grande debate no sistema escolar francês, no que diz respeito ao acesso às universidades: o ZEP Sciences Po (Zone d'Éducation Prioritaire).

O ZEP Sciences Po é um tipo de ação afirmativa destinada aos alunos vindos dos lugares mais desfavorecidos da França, e há muita discussão por lá sobre suas consequências.

Para mais informações:

http://fr.wikipedia.org/wiki/Zone_d%27%C3%A9ducation_prioritaire

http://www.vousnousils.fr/page.php?P=data/ca_vous_parle/a_suivre/&key=itm_20060215_135719_laurent_lafforgue_fanny_capel_co.txt

12:02 AM  
Anonymous Livia said...

Interessante o texto. Talvez o mais importante não seja saber se os ideais da revolução francesa "vingaram", mas sim saber se o espírito revolucionário se mantém vivo na França. Isso não sei dizer... mas ao menos os jovens das periferias ainda são capazes de exprimir suas frustações. Sinal que não foram calados por completo, afinal há bastilhas e bastilhas (as do passado e as do presente).
Um abraço. Livia.

12:45 PM  
Anonymous Manuel Marie said...

Livia, concordo com você e acho que os mídias na França teriam que destacar mais as iniciativas criativas dos jovens das periferias (porque tem um monte). O problema é o destaque sobre os jovens que queimam carros na rua ou saqueam as lojas durante as manifestações dos estudantes.

11:20 PM  
Blogger Sangue de Barata said...

Perguntas que ficam em relação a essa coisa dos jovens protestando: quem são esses jovens? de onde eles vem? o que eles fazem? todos esses protestos tem um fundo político?

Seria legal também citar algumas dessas iniciativas vindas das periferias, já que esperar da mídia não resolve.

Uma questão muito interessante abordada no filme é que dos muitos jovens franceses cujos pais não são franceses mas argelinos, marroquinos, etc, é que muitos deles não se consideram franceses apesar de terem nascidos na França e estarem num país onde assimilam toda a cultura (inclusive dentro da escola) e tem vários benefícios do país. Apesar de tudo, eles fazem questão de não serem franceses e isso é muito interessante, talvez até pela própria relação colonial do passado.

De qualquer forma, seria bom tirar a limpo se as frustrações dos jovens das periferias tem mais a ver com a Revolução Francesa ou com essa negação da França e do sistema francês, o que seria até uma coisa mais interessante de analisar.

11:16 AM  
Blogger Zeb said...

o espírito de contestar sempre esta presente na alma de todos que morem na França. as ações sociais na rua, os sindicados, os movimentos estudantes ainda são muito poderosos e conseguem fazer barragem a reformas ou leis inapropriadas como o contrato CPE, a recente tentativa de reforma dos liceus...

de resto, na época, a França foi o primeiro pais a se desfazer de seu rei, seguida por os outros pais da Europa. naquela época foi legitimo pois a França era o pólo mais efervescente em termo de cultura e artes.

agora muito menos. como em muitos países a liberdade e igualdade estão inegais entre as diferentes classes e origens.. mas ainda no somos os piores nessa área ! né ?

a luta continua !

1:46 PM  
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