quarta-feira, julho 01, 2009

"Nada será como antes"

Há uma semana, enquanto os canais de TV exibiam imagens do hospital da UCLA e ainda apuravam a notícia, esperando a confirmação da morte de Michael Jackson, o site TMZ já dava o furo horas antes na Internet: o “Rei do Pop” estava morto por conta de uma parada cardíaca.

Dias antes, a estudante de filosofia Neda Agha-Soltan foi morta com um tiro enquanto assistia uma manifestação em Teerã, por conta das denúncias de fraudes nas últimas eleições presidenciais no Irã. Sua imagem agonizando foi parar na internet muito mais rápido que a notícia pudesse chegar à grande imprensa.

O mundo está mudando e a maneira de fazer notícia também; só não está vendo esta mudança quem não quer.

Nunca se viu tanto espaço e participação do público no processo de construir e modelar a notícia. Seja com os vídeos amadores que podem ser filmados através de qualquer celular (cena dos paramédicos chegando na casa de Jackson, ou da jovem iraniana agonizando ensanguentada no meio da rua), seja com a ajuda de redes sociais, blogs e sites cada vez mais citados pelas mídias tradicionais, que agora recebem as notícias praticamente prontas, tendo apenas o trabalho de apurar.

A participação da Internet na confecção da notícia tem sido e será cada vez mais presente, é inegável e inevitável. Mesmo depois de “fontes confiáveis” confirmarem as informações, a mídia mais convencional não abandona as mais alternativas.

Por exemplo, os blogs são um sintoma da Cauda Longa, do qual Chris Anderson já nos chamou a atenção, de um modelo onde a quantidade de nichos aparentemente infinitos alteram tudo o que é tradicional. O acesso à informação já não se dá mais de um modo passivo como era antes, numa mão única de cima para baixo, onde não podíamos interagir com os fatos.

Os blogueiros, embora não disponham de garantia da exatidão, dispõem de uma melhor máquina de correção de erros do que a mídia convencional. Além disso, milhares de blogueiros criam blogs especializados em um determinado assunto, com uma profundidade invejada por muitos jornalistas da mídia tradicional. Não bastasse tudo isso, a possibilidade dos comentários dos leitores os enriquecem ainda mais, permitindo mais informações sobre um determinado tópico ali discutido. Os milhares de blogs oferecem uma absurda quantidade de informações a custo praticamente zero e, na maioria dos casos, sem vender propaganda.

Tudo isso já deve ser o suficiente para que a mídia convencional (em especial, a TV e os jornais) reflita mais sobre sua atuação no mercado, para uma questão de sobrevivência. O fechamento de diversos jornais mundo afora não deixam mentir. Por que não incluir também em toda essa discussão os próprios cursos de jornalismo, além da polêmica questão da obrigatoriedade do diploma? Por que continuarmos os mesmos, já que nada será como antes?

Thiago Mattos.

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1 Comments:

Anonymous Mariana Borgerth said...

Ola Thiago.... Enquanto lia o seu texto, lembrava de aulas que tive ao longo so semestre. E o final nao poderia ter sido melhor... Essa discussao é realmente necessária, principalmente neste momento. Sim o jornalismo mudou (novamente) e ninguém sabe exatamente o que vem por ai... É preciso pensar, discutir e até mesmo criar (ou continuar criando)... Na Escola de COmuncaçao da UFRJ a professora Cristina Rego Monteiro está bastante consciente dessas mudanças e vem colocando esses elementos em discussao... Tomara que essa iniciativa se propague como virus...
abraços!!!!
mariana

9:42 PM  

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