quarta-feira, março 15, 2006

O cidadão brasileiro médio

A desmoralização da Câmara dos Deputados e a ocupação do Exército em algumas favelas cariocas demonstram bem o arquétipo do cidadão brasileiro médio. É fácil reconhecer um cidadão brasileiro médio: ele carrega consigo idéias medíocres.

Quando ouvimos numa conversa de boteco coisas como “Eu é que queria ganhar mensalão” ou “Todo político mete a mão mesmo”, fica claro o sintoma que aproxima toda uma população. Essas frases medíocres denunciam um absurdo comum: o conformismo presente na boca do povo. E quando digo povo, envolvo todas as camadas, do primeiro andar à cobertura.

Assim, fica fácil também entender porque acontece o que acontece na Câmara dos Deputados, todo esse acordo de compadres que salva os colegas. Brasília e todos os deputados federais que votaram contra a cassação dos envolvidos no escândalo do caixa 2 é apenas um microcosmos do que é o Brasil, ou melhor dizendo, de como manifestam-se as idéias medíocres do cidadão brasileiro médio.

O cidadão brasileiro médio existe por toda a parte e é este mesmo cidadão que também participaria do acordão para livrar a cara do seu colega que roubou 20 ou 100 mil, afinal, no lugar de seu colega (outro cidadão brasileiro médio) ele também faria o mesmo (quem não faria?).

O mesmo acontece com a parcela da população que apóia a ocupação do Exército brasileiro em alguns morros do Rio de Janeiro para o resgate de 10 fuzis e uma pistola que haviam sido roubados de um quartel. Os pensamentos sanitaristas se reproduzem através da boca do cidadão brasileiro médio que acha normal apontar um tanque de guerra para o próprio povo, não importa que haja criminosos no meio (onde hão há?).

Precisamos tratar melhor novo povo e, por que não, nossos “criminosos”. Mas o cidadão brasileiro médio quer mais é ver o circo pegando fogo, quer mais é que morra toda essa raça descalça que não usa paletó (ainda que seja um deles). Esse é o sujeito que grita “Mata!”, “Lincha!”, “Tem tudo é que morrer!”,e é quem absurdamente defende a cadeira elétrica. Mas na verdade é apenas um cidadão sendo usado para a manifestação de idéias, sejam elas liberais, conservadoras ou revolucionárias.

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3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Tô impressionada como esse menino escreve bem!!! =)
é de verdade um cientista social, não é?
Thi, adorei te ver hj, de verdade! fez meu dia melhor!
beijocas!

12:31 AM  
Anonymous Anônimo said...

fala aew kra!pow tu eskreve bem msm,parecia q eu tava lendo 1 materia de jornal hehe =P e pow tu usa umas n sei bem se esse eh o nome ironias e sarcasmos no texto fiko bem legal assim!vlw abraço

5:14 PM  
Anonymous Anônimo said...

Acho que são problemas distintos.

Quanto as idéias medíocres, como escrevi da outra vez, não tenho certeza se elas são exclusividade nacional. Acho que mais do que o comodismo isso é fruto da mentalidade de só enxergar o próprio umbigo... O velho hábito de ignorar o bem do país, da cidade ou do estado se você pode resolver o seu lado.

Já quanto ao exército acho muito complicado. Não sou a favor de ocupação em lugar nenhum mas acho que estamos muito próximos de uma guerra civil. O grande problema de uma ocupação é o cerceamento de direitos mas no fundo nós já temos que evitar fazer várias coisas pela situação que nos encontramos.

Abraço

4:06 PM  

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