segunda-feira, março 06, 2006

Um dia o ano começa (ou "Aprendeu como se escreve um clichê?")

Agora vai. Acabou o carnaval e finalmente o ano começa. Tudo bem que ainda temos a Semana Santa, Tiradentes e depois o feriadão do Corpus Christi, a Copa do mundo, o Dia da Independência, o Dia das Crianças, Dia de Finados... Putaquipariu! E olha que ainda nem chegou o Natal e o Ano Novo... Mas que vai, vai!

Um dia a gente começa. Há de haver o dia em que a gente não deixará mais as coisas para a última hora, que as contas não serão mais pagas no dia do vencimento (quando pudermos pagar), que a gente vai mesmo ligar se disser que vai, que a gente vai mesmo na casa da pessoa quando ela nos disser “Aparece lá em casa”. Um dia a gente toma jeito.

Roberto DaMatta diz que a gente aqui no Brasil diz “diferentes, mas juntos” ao contrário do que dizem os estadunidenses “iguais, mas separados”. Roberto DaMatta diz muita coisa; muita gente diz. Eu também. Tem gente que diz que esse é o nosso charme, o nosso jeitinho que saiu da fábula das três raças (a melancolia do negro, a preguiça do índio e a cupidez do branco), que não tem jeito mesmo. Eu digo: tem jeito sim!

Mesmo que nós estejamos num país “abençoado por Deus e bonito por natureza” (mas que beleza!), isso aqui ainda está muito longe de ficar razoável. Ao contrário do que dizem, somos ou temos sido um povo apático na maioria das vezes em relação aos nossos problemas sociais, que preferimos fingir que não existem e ligar na novela, que preferimos dar esmola e dormir melhor pensando “Cara, como eu sou bom”. Mas gente, isso aqui tá ruim demais. Nós, brasileiros, como povo estamos medíocres. Não tomamos atitudes para lutar por condições de melhora nos locais onde vivemos e esperamos que o governo resolvam esses problemas (aprendeu como se escreve um clichê?).

A classe mérdia é o que existe de pior. Só querem poder pagar mais contas no fim do mês e aproveitarem quando o dólar cai para poder viajar; não estão nem aí para dar educação aos seus filhos, contanto que eles consigam bons salários numa multinacional, o mundo que se exploda. Nós, brasileiros, somos ou temos sido um povo superficial e mesquinho nas nossas relações, sejam elas quais forem. Falamos mal de todo mundo e rimos feito hienas contando piadas extremamente preconceituosas e “inofensivas”.

E tem gente que diz que é assim mesmo. Tem muita gente que diz (muita coisa pra ser dita) mas poucos ouvem. Tudo é clichê; eu mesmo não disse nada novo. Mas um dia o ano começa, nem que seja ano que vem.

Thiago Mattos

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5 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ih, suas idéias tão ficando muito complexas... Vou tentar ser sucinto:

É muito difícil julgar se no total é melhor ou pior viver aqui, se somos melhores ou piores. É melhor viver num país que se desenvolve muito economicamente mas o estado te proíbe de ter mais de um filho ou há trabalho quase escravo pra maioria da população como na China? Será que é melhor viver na maior superpotência do mundo onde a maioria da população é obesa à beira de um ataque cardíaco? E se lá eles não tem as novelas pra se alienar tem Hollywood e Oprahs a fazer o mesmo papel pra que a maioria aceite, por exemplo, as mentiras do presidente estadunidense. Simplesmente não sei!

Agora acho sim que um dos nossos maiores defeitos é a postura de achar que as coisas são assim e não vão mudar. De se acomodar com as situações (Quer algum exemplo mais claro do que a recuperação de popularidade do presidente com a idéia de que sempre existiu e sempre vai existir roubalheira? Praguejar só não adianta nada!).

Mas problemas históricos de desiguladade social e corrupção endêmica como os nossos não tem solução nem rápida nem simples.

Abraço

5:12 PM  
Anonymous Anônimo said...

É, penso que nós temos jeito sim. Começando pelas pessoas que não boicotaram o show dos Rolling Stones, né? Mick Jagger apesar de velho e muito bom deveria ter cantado para uma praia vazia.Aquele Mega-evento custou 10 milhões dos cofres públicos e na última chuva morreram quantos mesmo?

1:08 AM  
Anonymous Anônimo said...

99% dos bloggers brasileiros pertencem a classe que voce chama de merdia.
Voce se considera parte dela, ou se acha um ponto fora da curva?

11:46 AM  
Anonymous Anônimo said...

Hmmm... Assim que eu gosto, o negócio tá pegando fogo.
Bem, anônimo (pena que vocÊ não deixou o nome), socialmente me considero fruto dela e por isso mesmo tenho esse olhar crítico para poder tocar nessa ferida (que ao que parece também te machuca), mas economicamente acho que não. Obrigado a todos que estão participando das discussões.

12:45 PM  
Anonymous Anônimo said...

Realmente vivemos num mundo cheio de paradoxos... Cada vez mais fica difícil olhar para o "retrovisor"... enquanto uns têm demais outros não possuem NADA mesmo. Fico tentando achar algum nexo causal na sociedade em que vivemos, mas acho q é impossível. Atualmente parace que existe uma emcubadora de (hipócritas, demagogos e mentirosos) em nossa sociedade, não aguento mais esta farsa. Eu infelizmente falo no jerúndio, não gosto de falar assim, mas por força da convivência com certas pessoas virei vítima deste. Assumir o erro, ou a dificuldade e tentar MUDAR já é o princípio. Toda mudança é necessária seja no âmbito pessoal ou no ãmbito da vida.

4:54 PM  

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